sexta-feira, 16 de abril de 2010

Felizmente, a questão do preço dos combustíveis voltou à ribalta. Os preços estão altíssimos, e é importante chamar a atenção para isto, coisa que já fiz há mt tempo atrás aqui e aqui. No entanto, mais uma vez questiono o trabalho dos jornalistas. Quando falam com os responsáveis pelas petrolíferas e revendedores, aceitam as coisas que lhes são ditas e reproduzem-nas sem qualquer critério nem procura de averiguar se o que dizem está correcto.

No Público, Inês Sequeira faz uma peça onde se pode ver que a coisa é complicada, mas sem no entanto "escavar" as verdadeiras razões. No Correio da Manhã, a jornalista Diana Ramos entrevista o presidente da ANAREC, e pode ler-se que a culpa é da elevada carga fiscal dos combustíveis. Concordo que, de facto, me parece uma factura muito pesada, mas porque é que a senhora jornalista não teve a coragem de lhe perguntar porque é que, antes dos impostos, a gasolina é 7,6% mais cara em Portugal do que na média da UE27 e o gasóleo 8,6%?

Isto são dados avançados pelo Destak, com base nos relatórios da Direcção Geral de Economia e Geologia, pelo que presumo que todos os jornalistas que vão ter com estes senhores de microfone esticado, sem nenhuma vontade de questionar as suas verdades, tenham acesso a eles...

O que é importante perceber aqui é que pela média da UE deveriamos estar a pagar menos cerca de 6 euros por depósito de 50 litros, antes dos impostos, segundo avançado pelo Destak (não encontro o link, mas é a edição de hoje, 6f). E atenção que estamos a falar da média, quando todos sabemos que os nossos níveis de produtividade, competitividade e situação financeira não estão nada perto dessa média. O problema está na carga fiscal, mas apenas até certo ponto, porque o maior problema está na ânsia do lucro que leva as petrolíferas a combinarem preços e a aumentarem a factura dos condutores, afectando a economia nacional e prejudicando as empresas que competem fora do nosso país. Essa é a verdade, e essa questão ninguém coloca a quem de direito. Para quando um artigo de fundo que procure perceber efectivamente qual o custo da produção de combustível e de que forma outros factores que não o preço do barril influenciam os preços? Assim seria claro para todos o que se passa no âmbito dos combustíveis em Portugal, que é um verdadeiro escândalo, fácil de comprovar para que queira fazer umas contitas.

O PSD afirma que há cartelização dos preços, o PCP quer criar tectos máximos de preços (desde que sejam realistas, ok, mas se for para mais palhaçada como foi a liberalização dos preços, não, obrigado), o CDS quer intervenção da Autoridade da Concorrência (que já afirmou que não há cartelização, portanto não sei o que é que o Portas quer que eles digam mais...) e o Bloco de Esquerda também quer legislar sobre isto. Só é pena que não se tenham lembrado disto o ano passado, em pleno pico da crise. É que, só do meu bolso, já sairam pelo menos uns 100 ou 200 euros a mais do que deveriam ter saido...

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