quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Há tempos contaram-me uma história que visava explicar como um pouco de dinheiro, usado no sentido correto, poderia resolver o problema da dívida dos países e ser devolvido pouco depois.

Um turista vai até à aldeia para a visitar. Chega às 14h e vai até ao hotel e paga a sua estadia, no valor de 100 euros. O hoteleiro pega nos 100 euros e aproveita para ir pagar a dívida de 100 euros que tinha com o talhante. O talhante, por seu lado, pega nos 100 euros que recebeu e vai pagar a dívida de 100 euros que tinha para com o responsável do matadouro. Este responsável pega nos 100 euros que recebeu e vai pagar a dívida de 100 euros que tinha para com o dono do stand onde tinha comprado a sua carrinha, que por sua vez pega no dinheiro que recebeu e vai até ao hotel para pagar a dívida de 100 euros que tinha ficado do casamento da filha. Logo após ter recebido esse dinheiro, o turista entra no hotel e explica que não vai ficar ali mais um minuto, pois garantiram-lhe que o quarto tinha luz natural e afinal é um quarto interior sem luz. Reclama, e o dono do hotel devolve-lhe os 100 euros que ele pagou.

Moral da história: o dinheiro circulou por todos, foi usado para pagar as dívidas e apesar de não ter ficado para ninguém, todos ficaram sem dívidas e puderam prosseguir com os seus trabalhos.


Tendo em conta a sociedade que temos, e que nos empurra para o fundo com os seus valores egoístas, consumistas e materialistas, a história seria bem diferente:

- O hoteleiro teria guardado 50€ para si e pago apenas metade do que devia, porque disse que precisava de investir o resto num casaco novo (apesar do dele ter apenas 6 meses);

- O talhante pegava nos 50€ e pagava-os ao responsável do matadouro, mas dizia logo que 25€ seriam para pagar a dívida, e os outros 25€ para dar de entrada em mais 50€ de carne para o talho;

- O responsável do matadouro pagaria 20€ ao dono do stand, pois o resto do dinheiro foi gasto a arranjar a carne que o talhante precisava;

- O dono do stand pegava nos 50€ e metia-os ao bolso, porque o casamento já tinha acontecido e ele já não precisava de nada do hotel, portanto o tipo bem que se podia aguentar mais uns tempos sem receber, que os hóteis são negócios que dão muito dinheiro....

Quando o turista chegava para pedir o dinheiro de volta, o dono do hotel não o tinha, e viu-se a braços com uma queixa do turista, que lhe originou uma multa de 500€ por publicidade enganosa e o obrigou a fechar o hotel por não ter dinheiro para pagar a multa. Tudo porque em primeiro lugar preferiu gastar o dinheiro que tinha em coisas que não precisava, em vez de o ter aproveitado para saldar as suas dívidas...

Como tudo seria mais simples se todos fôssemos honestos e responsáveis...

PS - Parece que houve um deputado com PP que ganhou tomates e votou contra o Orçamento de Estado, por não concordar com ele, à semelhança de tantos especialistas. Por mim, ia já para primeiro-ministro. E o outro senhor de ontem, que não sei o nome, mas que disse "é preciso dizer à Troika que este orçamento não são só números, são pessoas" (ou algo do género), também merece um aplauso...


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