segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Em alturas de crise, a tendência para repensarmos tudo torna-se ainda mais premente.

Soube-se, há dias, que um ministro de Pedro Passos Coelho pediu o subsídio de alojamento, declarando ter morada no Porto, salvo erro, apesar de ter uma casa em seu nome em Lisboa. Logo todas as vozes se levantaram a criticar esta opção. É preciso ter em atenção alguns aspectos, que eu não vi respondidos: a casa que o ministro tem em Lisboa está vazia? Está alugada a alguém, ou é usada por alguém? É que é perfeitamente legítimo que o ministro tenha uma casa em Lisboa que está alugada, ou que até é usada por empréstimo por algum familiar ou amigo, e isso eu não vi investigado, já que vende mais apenas a primeira parte da notícia. Tendo em atenção que o ministro renunciou tão rapidamente ao subsídio, somos no entanto obrigados a reconhecer que provavelmente nada disso acontece, e que ele até está a viver em sua própria casa aqui em Lisboa.

No entanto, mais grave que isso é, quanto a mim, os valores envolvidos: 1400€ por mês para gastar numa renda de casa??? Mas que raio de palacete é este? Necessitará um ministro de gastar 1400€ mensais na renda de uma casa? Não conseguem viver, durante uma legislatura, num sítio mais contido, como a maioria dos mortais portgueses?


Depois, a questão das subvenções vitalícias. Um político que faça alguns mandatos (não sei quantos são, mas de certeza que não correspondem a 40 anos de serviço) tem direito a ter uma subvenção vitalícia? Mas por que raio é isto? Então mas trabalham meia dúzia de anos e ficam safos o resto da vida? Eu consigo conceber a teoria da subvenção. Um político que lute pelos reais interesses da população, que se faça servidor da população que o elegeu, irá com certeza irritar muitos grupos económicos e lobbies que, no final do mandato, não terão vontade nenhuma de o contratar, tendo em conta que ele teria deitado abaixo muitos tachos e benefícios. Assim sendo, o político deveria receber essa subvenção, que teria merecido em virtude da sua luta incansável contra os poderes que oprimiam o povo e o impediam de ter uma vida melhor, e mesmo assim apenas durante o tempo que ficasse sem emprego, para o apoiar, e até aceito que fosse choruda.

Mas sabemos bem que essa não é a realidade dos nossos políticos (como digo sempre, honra feita às verdadeiras excepções). Não existe nenhuma razão para um político receber cerca de 2000 euros por mês quando o que fez durante os mandatos que dispôs foi basicamente preparar o caminho para se colocarem posições de chefia em empresas que foram beneficiadas durante esses mesmos mandatos. Isso está errado, e é motivado por uma questão muito simples: são os políticos quem estabelece as regras que regem as suas próprias situações.

Isto coloca-nos perante um dilema que é complicado de resolver, mas apenas porque as pessoas não são sérias. Tendo em conta isto, a solução parece-me tão complicada que a única solução que vejo é que as regras deveriam ser criadas por um grupo independente de especialistas vindos de outro país (se possível, de outro planeta, os marcianos agora dava uma ajuda bestial) que, depois de criarem as situações previstas, deveriam... ser mortos. Assim, ao chegarem não conheciam ninguém e não teriam a possibilidade de terem sido influenciados. Ao partirem, e porque vivemos num mundo global, seria fácil usufruirem de benefícios decorrentes dessa acção, por isso o mais fácil era mesmo matá-los. Assim, o único benefício seria um lugar no cemitério com vista, no máximo...

Por outro lado, podíamos ter pessoas sérias a fazer estas leis, que as fariam sem olhar aos interesses próprios, mas com sentido ético de verdadeira justiça. Olhando para actualidade política do país.... venham de lá esses marcianos que já temos as covas abertas para eles! :)

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