terça-feira, 22 de março de 2011

O que se passou ontem na A41, em que o autocarro do Benfica e o carro do presidente foram apedrejados, é apenas mais um triste episódio na longa lista de eventos que, ao longo dos anos, têm manchado o futebol português. A culpa é, em primeira instância, desta gente parva que não percebe que o futebol é um desporto, nada mais. 22 jogam, outros milhares ficam a ver jogar, divertidos, alegres com a vitória ou tristes com a derrota. Mais nada!

Mas os próprios dirigentes e governantes do país não podem sacudir a água do capote, pois também eles têm uma quota-parte de culpa, e bem grande. Começo logo pelo meu clube, para não parecer parcial. Luís Filipe Vieira veio dizer que os benfiquistas não podem responder igual, que "temos de mostrar que somos diferentes". Palavras sábias e adequadas ao momento. No entanto, sugeria que fizesse algo mais coerente com as suas palavras: se o clube não tem claques organizadas, em virtude delas não desejarem organizar-se, segundo o presidente, porque é que se permitem a entrada de grupos organizados, bandeiras, petardos, para dentro do estádio? Se eles não estão organizados, valem tanto como um indivíduo. Ora eu se quiser ir à bola com uma bandeira de 5 metros de altura, não me deixam entrar...

Enquanto continuar a haver, da parte dos dirigentes (de todos os clubes, por igual e com raríssimas excepções), uma conivência com as atitudes das claques, organizadas ou não, tudo vai permanecer na mesma, e estes bandos de energúmenos, que não têm outro nome, vão continuar a assombrar os estádios portugueses e a afastar deles famílias e pessoas de bem, que só querem divertir-se a ver um jogo de bola.

Bom, e não esqueçamos os dirigentes políticos. O ministério da administração interna tem de legislar de forma a impedir que se continuem a registar cenas de pancadaria como o último Sporting-Benfica, em que a própria polícia se viu obrigada a recuar perante a fúria dos energúmenos (perdoem-me, mas não consigo chamar-lhes adeptos) que avançavam contra ela. A solução está encontrada e já foi usada noutros países, pelo que não percebo a dificuldade em implementar aqui: câmaras de videovigilância e identificação através de spotters. As pessoas são identificadas, levadas a tribunal, julgadas e impedidas de voltar a entrar num estádio, tendo de se apresentar na esquadra em dia de jogo, só para garantirem que não põem lá os pés no estádio.

Isto significaria que haveria menos gente nos estádios, porque estes energúmenos é que alimentam o negócio do futebol? Bom, eu pelo menos estava na disposição de ir mais vezes aos estádios, e neste momento não vou, e penso que mais gente pensará como eu...

Estamos numa fase que se quer de mudança no país. No entanto, há ainda velhos do Restelo que não perceberam que os tempos são outros. E é uma pena que se continuem a assistir a tristezas destas, sabendo que não é a última vez que irão acontecer...

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