segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Adultos no Escutismo, parte 1

Para a edição de Janeiro e de Fevereiro enviei uns artigos de opinião/reflexão para a secção Acha na Fogueira. A parte 1, já publicada, pode ser lida abaixo. A seguinte sairá aqui depois de sair primeiro na revista, que é onde deve ser lida, com os cartoons sempre fantásticos do Toonman.

Quando estive em formação para ser dirigente, há cerca de seis anos, a maioria das pessoas presentes naquela sala eram CIL que, tendo terminado a sua caminhada no clã, se tinham disponibilizado para assumirem papéis de responsabilidade nas suas equipas de animação e queriam, naquela altura, iniciar a caminhada de formação para dirigentes. Apenas alguns, em minoria clara, eram recursos adultos, pessoal que, tendo sido escuteiros há anos atrás ou tendo apenas descoberto a beleza deste movimento já em idade adulta, se propunha agora, depois de crescidinhos e já com idade para terem juízo, iniciarem a sua caminhada para serem dirigentes do nosso movimento. Hoje em dia, olhando para as sessões de formação a que vou, vejo que os recursos adultos presentes são tantos ou mais que os caminheiros, o que me permite discorrer sobre duas questões completamente separadas mas de importância imensa, na minha opinião, para o futuro da associação:
- Por onde andam os nossos caminheiros? Que caminhos seguem aqueles que, tendo completado a sua caminhada no clã, fazem a cerimónia da Partida? São cada vez menos, bem sei, mas desses poucos ainda menos chegam à primeira sessão do CIP. Não sei o que leva os caminheiros a desistirem da sua caminhada dentro da associação, mas sei aquilo que os poderia motivar a continuar. Pudesse cada um de nós que foi escuteiro anos a fio reflectir no que muitos dirigentes deram da sua vida pessoal para nos educar e tudo seria bem mais claro. Se cada caminheiro que faz a Partida se comprometesse a dedicar às crianças e jovens do nosso movimento tantos ou mais anos que outros dedicaram a eles, enquanto eram crianças, teríamos um movimento vivo e sem falta de recursos adultos. Eu tive a sorte de ter dirigentes que cuidaram de mim, que comecei como lobito nesta aventura de ser escuteiro, e que abdicaram de momentos da sua vida pessoal e familiar para me permitirem a mim ser quem sou e fazer o que faço (eu estou convencido, como muitos estarão, que o escutismo é em grande parte responsável por aquilo que eu hoje sou e faço). Que melhor forma terei eu de agradecer a quem não espera nenhuma recompensa do que decidir dedicar-me eu também a ajudar outros escuteiros, agora mais novos, a poderem crescer dentro do mesmo espírito e do mesmo ambiente que me criou a mim? É este espírito de serviço, não forçado mas dedicado, que se espera de um caminheiro que cumpra todos os Objectivos Educativos Finais da secção. Poderá servir noutro local que não no CNE, é certo, mas muitos passam a servir em lado nenhum depois da Partida, e isso não traz vantagens nem ao próprio escuteiro, nem à sociedade que o recebe esperançada de ver ali um modelo de luta contra os vícios e os hábitos errados do mundo em que habitamos.

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