segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Os sindicatos já se chegaram à frente e pediram aumentos para 2011 na casa dos 3%, mais coisa menos coisa. Os patrões já vieram dizer que é uma irresponsabilidade, tendo em conta o estado do país. Ora eu lamento, mas o aumento dos salários é mesmo a única coisa que pode tirar o país da crise. E não deveriam ser aumentos tão pequenos: eu defendo aumentos de 15 a 20%, no mínimo, principalmente em ordenados abaixo dos 1000 euros.

Quer os patrões queiram quer não, a única forma de as empresas venderem os seus produtos é se houver pessoas para os comprar. Se as pessoas não têm dinheiro para comprar, as empresas não conseguem vender os seus produtos, e não há volta a dar a isto. Obviamente que um aumento destes iria colocar em xeque muitas empresas, pelo menos enquanto não recebessem a retoma do investimento no aumento dos ordenados. Aí sim, é que o Estado deveria investir: ajudar as empresas a suportar um período de 1 ou 2 anos em que iriam ter dificuldades em cumprir com os seus compromissos, devido ao aumento dos gastos na folha salarial.

Passado esse período, os produtos começavam a escoar porque as pessoas, mais desafogadas, começavam a comprar mais coisas, já que o espírito consumista não desapareceu, apenas se meteu dentro das carteiras vazias. As empresas poderiam, nessa altura, retribuir a ajuda do Estado (não há necessidade de fazer empréstmos a fundo perdido, basta não cobrar juros) e tudo voltaria a uma normalidade que todos desejamos mas poucos tentam alcançar (por poucos falo de políticos, governantes e patrões).

Claro que estes aumentos teriam reflexo também na exigência que se tem ao trabalhador, que tem de se empenhar ainda mais no seu trabalho e deixar de ser preguiçoso.

Combate à fraude e evasão, rigidez na atribuição de subsídios sociais, fim dos compadrios e diminuição da despesa pública, sem aumento de impostos. Se a tudo isto acrescentarmos seriedade política (o mais difícil de encontrar) e um aumento real e grande dos salários, a retoma chega. E aí todos ganharemos, empresas e empregados, e deixa de haver necessidade de explorações, contratos precários e despedimentos colectivos por SMS. Não era uma vida bem melhor?

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