segunda-feira, 24 de agosto de 2009


A tragédia que se abateu na Praia Maria Luísa, na passada sexta-feira, fez correr muita tinta sobre as condições de segurança das praias que têm falésias muito perto. Admitindo, como é óbvio, que poderia haver deficiências na fiscalização destas áreas, o que é facto é que existiam lá sinais a avisar para o perigo de derrocada da falésia. Hoje de manhã, vi na RTP uma peça na qual a jornalista percorria outras praias onde os veraneantes se encostavam a falésias que continham os mesmos avisos que a praia Maria Luísa. A resposta da malta que estava bem encostadinho à falésia a aproveitar a sombra e a pôr-se a jeito para levar com uns pedregulhos em cima é tão fantástica que não hesito em colocar aqui:


- «Ah, pois, mas isso foi lá em Albufeira, não quer dizer que aconteça aqui também»;

- «Já vi o aviso sim, mas estas rochas parecem-me muito firmes, não vai haver problema»;

- (um espanhol que não sabia do que tinha acontecido) «Caiu uma falésia e morreram pessoas? Pois, isso pode acontecer em qualquer lado» (e volta a deitar-se na sua chaise longue à sombra da falésia);

- «O que penso é que não vou ter o azar de ela cair exactamente agora, portanto venho. É o pensamento típico português, se formos pensar nos perigos nem vale a pena sair de casa e mesmo assim pode acontecer lá... (sorrisos)»

- «Eu vi o sinal de perigo, mas numa estrada quando vemos o sinal de perigo continuamos a andar, portanto aqui é a mesma coisa, não há nada que me impeça de vir para aqui»

- «Digamos que arrisco, mas apenas hoje, porque o mar vai chegar aqui perto da falésia, por isso vim para aqui. A tarefa de proteger a arriba é do Estado (nesta praia havia avisos claros do perigo)»



O caso é tão grave que o ministro do Ambiente quer que quem desobedeça às sinalizações passe a ser multado pelo facto. Já que o bom senso não funciona, pode ser que as multas resultem...

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