Memórias de África

Hoje no comboio a Catarina perguntou-me se estava a pensar voltar a África. Apesar de ser uma pergunta recorrente no meu quotidiano desde que regressei, há muito tempo que ninguém mo perguntava. Além disso, notei na cara dela um ar de desconfiança, como se estivesse à espera que eu dissesse que sim, mas quisesse que eu dissesse que não. Provavelmente é estranho para ela uma pessoa querer deixar família e amigos para ir à procura de uma aventura em terras desconhecidas por um período tão grande da nossa vida. Grande antes, claro, porque depois de regressar é que nos apercebemos quão pequeno ele é...
Sorri para mim mesmo e para ela e disse-lhe que sim, que gostava de voltar. África não se esquece, recorda-se para toda a vida, é uma experiência daquelas só pode criar em nós um sentimento forte de saudade e de vontade de lá voltar.
Sim, acredito que um dia voltarei. De férias ou em trabalho, voltarei a África, voltarei a Moçambique, a Lichinga. Tudo estará diferente, mas também eu estarei, e será como começar de novo... sim, um dia voltarei.