sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Se há coisas que nos deixam algo surpresos, por tomarem direcções que não esperamos, há outras que pura e simplesmente nos chocam. Um professor de Música de Gondomar foi condenado pelo tribunal a uma pena de dois anos de prisão com pena suspensa por crimes sexuais contra alunas menores e adolescentes.

Podem ler a notícia com os pormenores aqui.

O que espanta e choca não é a notícia da condenação, como é óbvio. É que mesmo depois de ter sido provado que o senhor se tinha aproveitado das carências de uma aluna de 15 anos para a levar para a cama, ter pedido a outra aluna que se despisse através da webcam para receber uma nota alta no teste e ainda ter muitas fotos de partes dos corpos das suas alunas guardadas no seu computador (sem falar das outras 12 alunas que acabaram por retirar as queixas)... o senhor pode voltar a concorrer para dar aulas assim que quiser!!! A pena foi suspensa, por isso significa que ele sai em liberdade, pelo que pode concorrer de imediato a um cargo de professor numa escola. Diz também a notícia que poderá ver a sua admissão dificultada, em virtude do cadastro (já agora, o senhor queria que lhe dessem já o cargo antigo de volta?), e ainda ouvi no rádio a sua advogada dizer que esperava que ele n fosse discriminado no concurso de colocação de professores...

Mas andamos todos a brincar com isto? Não ser discriminado? Se me dissessem que o tribunal tinha destinado o condenado a acompanhamento psicológico, se tivesse havido uma forma de procurar garantir que as situações não se iriam voltar a repetir, talvez, e reforço o talvez, se pudesse admitir que ele fosse dar aulas. Agora poder voltar a concorrer mesmo depois de ter sido condenado, sem haver qualquer espécie de trabalho individual com o senhor é, no mínimo, indecente para todas as alunas da escola onde ele for colocado.

Isto é discriminação? Os meus pais sempre me ensinaram, e procuro fazer o mesmo ao lidar com crianças, jovens e adolescentes nos escuteiros, que as nossas acções têm consequências, que temos de pensar no que fazemos antes de o fazermos. Eu acredito que todos merecem perdão, isso não está em causa. Mas criar todas as condições para que o crime volte a acontecer, para que mais menores sejam molestadas? Se o prevaricador quer regressar à sua vida normal, que o faça, mas que escolha outra profissão. É discriminação, pedir isto? E não é discriminação, ou inconsciência, colocar mais crianças à mercê desta pessoa, sem perceber se ela está preparada para isso?

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem meu filho