quarta-feira, 2 de julho de 2008

Esta semana, a Visão traz um artigo sobre a proposta que anda a correr os corredores do Parlamento Europeu sobre a possibilidade de aumento das horas semanais de trabalho para 65. Mesmo contando que haveria depois semanas em que trabalharíamos menos (supostamente, pelo menos), isto pode obrigar a que haja pessoas que, numa semana que tem 168 horas, passem 65 horas (cerca de 40% do número total) a trabalhar. Se contarmos que precisamos de dormir 8 horas por dia para ter um sono descansado e relaxante, o que perfaz um total de 56 horas, significa que temos, para nós próprios e para viver a nossa vida, cerca de 47 horas semanais. Se tivermos em conta que as pessoas, pelo menos nas grandes cidades, necessitam de pelo menos 2 horas por dia para fazer o trajecto casa-trabalho-casa, sobram-nos 37 horas de Vida, ou seja, cerca de 5 horas por dia. Se contarmos que ao fim-de-semana, em teoria, os dias são de descanso, ficamos mesmo sem horas para usufruir durante a semana. Sem tempo para cozinhar, comer, conviver com amigos, ir sair, estar com os filhos, ajudá-los nos trabalhos de casa, ir deitá-los, nada...
Quando é que quem manda nestas coisas todas se vai aperceber que uma pessoa, para ser feliz, tem de trabalhar para viver, e não viver para trabalhar?

Trabalhamos para poder comprar coisas, para podermos ter aquilo que precisamos, mas se depois não temos tempo livre para usufruir dessas coisas, de que nos serve tê-las? Sendo assim, de que nos serve ter que trabalhar para juntar dinheiro para comprar coisas que não vamos ter possibilidades de usufruir?

Quem vive para trabalhar por opção (pois há quem não tenha opção, e aí, nada a fazer), pode até pensar que está a realizar-se, mas sinceramente acho que apenas se está a enganar, pois está a perder os melhores anos da vida, em troca de juntar dinheiro e mais dinheiro e mais dinheiro... para quê?

Tenho pena que as 65 horas de trabalho não se possam aplicar aos burocratas que pretendem passar estas leis ou aos patrões que fazem pressão para que elas existam, pois se assim fosse tudo seria diferente, acredito...

Posso até ser chamado de preguiçoso, mas eu cá prefiro achar que gosto mais de viver com pouco dinheiro do que não viver e ter muito dinheiro. Alguém me culpa?

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