terça-feira, 8 de julho de 2008

São 18h45 de quinta-feira e estou de pé a comer uma sopa. Como uma colherada e saio apressado da cozinha, aproveitando o intervalo de tempo de digerir esta colherada para continuar a arrumar mais coisas. A razão de todo este alvoroço que nem me deixa sentar quieto a comer uma sopa, ainda que às 18h45 da tarde? Daí a 15 minutos abrem-se as portas do campo para o XXV ACAGRUP, pois claro. Toda a pressa é pressionada ainda mais pelo nervosismo e pela ansiedade de entrar em campo para mais um ACAGRUP, este especial por ser o XXV.
Chego antes dos miúdos começarem a chegar, como convém a um chefe de unidade que se preze. Assim, posso observá-los enquanto chegam, de mochilas às costas, carregados que nem burros de carga, mas com um olhar sorridente e ansioso, que não deixa passar qualquer tipo de esforço ou cansaço. Todos os anos o ritmo é o mesmo e já todos esperam sempre com ansiedade estes dias em que nos juntamos em agrupamento para celebrar e viver ainda mais o escutismo.
Passam mochilas carregadas, tachos, panelas, carrinhas cheias de madeira, barcos, canas, enfim, uma parafernália de instrumentos que serão utilizados pelas diferentes secções durante os 3 dias de acampamento. Os imaginários de cada secção já estvam definidos à partida – Peter Pan para a I e para a IV, os Duelos de Feiticeiros para a II e os Piratas para a III –, pelo que cada bando/patrulha/equipa veio preparado para montar o seu campo conforme o seu imaginário.
Depois de todos chegarem, começamos a montar as tendas para a noite, deixando o grosso das construções para o dia seguinte. Excepção feita às equipas de pioneiros, que tinham planeado dormir em abrigos e portanto tiveram de começar de imediato as construções. O dia encerra com a Entronização do Senhor, a entrada em campo do maior escuteiro de todos, Jesus Cristo, que nos fica também a acompanhar em campo.

Sexta-feira de Construções
No dia seguinte começam as construções em força, e o campo vai ficando bem mais composto: a Alcateia montou na entrada do sub-campo a janela da Wendy, para onde se entrava na Terra do Nunca; a II fez as suas oficinas de feiticeiros, com caldeirões, estrelas e mesas suspensas (não muito eficazes, mas fica a ideia… :) ), a III cosntruiu o seu estaleiro cheio de barcos piratas com bandeiras, torres de vigia e velas, e a IV erigiu a Ilha da Terra do Nunca, onde Peter Pan e os seus amigos viviam, e nem esqueceram o gigante crocodilo que tanto atormenta o Capitão Gancho.
Depois de tanta construção, era chegada a altura de conhecer as equipas que no dia seguinte iam jogar todos os jogos que estavam preparados. Assim, foi entregue um papel e um pedaço de corda a cada elemento. Depois de andarem à procura dos seus companheiros no escuro da noite, deviam juntar-se a eles atando essa corda aos tornozelos um dos outros e dirigir-se ao ponto de chegada. A primeira equipa a chegar, a “Sonhos cor-de-rosa”, ganhou o gosto pela vitória e foi também a grande vencedora no final do dia seguinte. No final, cansados de um dia em cheio, rumámos aos nossos campos e adormecemos profundamente.

Jogos, muitos jogos, e praia... muita praia
Sábado acorda com um sol radioso, indicador do fantástico dia que se iria seguir. Após o pequeno-almoço, enquanto alguns elementos das equipas de animação tentavam despachar as secções que ainda não tinham acordado muito bem, vamos andando para prepararmos os jogos que iriam ocupar a manhã de todos os escuteiros do 467. E que festa foi!!! Havia jogos para todos os gostos e capacidades, desde a destreza física até à destreza intelectual e de memória.
No posto da I, onde fiquei, as equipas tinha que carregar pratos cheios de água até encherem um garrafão de água, libertando assim o Peter Pan, que estava preso pelo Capitão Gancho. Uma outra equipa procurava dificultar a tarefa, disparando bolas de trapo contra esses pratos. Foram momentos muito divertidos, principalmente quando, mesmo a chegar ao garrafão, os pratos se despedaçavam no chão, para desespero de quem os carregava.
Almoçámos um belo esparguete à bolonhesa à sombra de uma enorme árvore, que albergou todo o agrupamento (éramos à volta de 100 pessoas), e descansámos por ali mesmo, relembrando os hinos de todos os ACAGRUPs anteriores (bom, pelo menos aqueles que a malta se lembrava de como cantar, pelo menos…). Foram momentos de convívio bem agradáveis, onde alguns aproveitram para cochilar um bocadinho, onde desapareceram as divisões das secções e da equipa e apareceu uma união de agrupamento, onde lobitos, exploradores, pioneiros e caminheiros se juntaram para cantar e brincar.
Quando o sol estava menos a pique e os jogos tinham terminado, a (semi-)surpresa da tarde: praia… O tempo estava fantástico e só foi pena a maré estar a encher, pois não tínhamos muito espaço para brincar, já que a praia estava, como seria de esperar, à pinha. Ainda assim, fizemos pirâmides humanas, carrinhos de mão, lagartas, enfim, muita brincadeira que culminou com um banho retemperador. A água estava óptima, pois estávamos tão quentes das brincadeiras que nem sentimos o frio, e portanto o banho soube às mil maravilhas a todos. Regressámos a campo mais estoirados que nunca e fomos preparar o jantar, pois a noite adivinhava-se longa.

O momento mais especial
É sempre um momento especial, o Fogo de Conselho. Um momento de intimidade, de brincadeira, de partilha de emoções não só entre os escuteiros, mas também com os pais, que se juntam a nós logo após o jantar, para alegria principalmente dos mais pequenos, que já estavam cheios de saudades (acho que, mesmo assim, os pais tinham mais saudades que eles próprios… :) ). Recordámos alguns dos hinos que fazem a história dos ACAGRUP do 467, aprendemos gritos e danças novas, e pudemos desfrutar de peças muito engraçadas, desde a viagem do Peter Pan pela Terra do Nunca da reciclagem à Taberna dos Aleluias (que bela cervejinha…), sem esquecer o Peter Pan (Cacááá) e o Sinão, claro, que trocou a sua vestimenta de João Pequeno pela de Sinão para substituir a Sininho, que tinha ficado doente. A noite encerrou com o desfile de todos quantos tinham trazido fatos relacionados com o imaginário, e pudemos observar o Peter Pan, que atravessou a voar toda a arena de Fogo de Conselho, levando consigo todos os Meninos Perdidos da Alcateia que procuravam por ele, alguns já a dormir em pé.
De Domingo fica a memória da promessa do Luís como explorador e das investiduras de caminheiros do Pedro, da Rita, da Tatiana e da Lina, que decidiram iniciar um novo rumo nas suas vidas, entrando oficialmente numa nova secção, num novo caminho, num novo desafio, que todos esperamos consigam cumprir com todo o entusiasmo e sentido de responsabilidade que o novo lenço implica. Depois da eucaristia, almoçámos com os pais e procedemos às arrumações de campo, à avaliação da actividade e ao encerramento final. A avaliação que faço é fantástica e inesquecível. E vocês?
25 anos depois, o 467 mostra que ainda está em forma, que tem uma vivacidade que lhe permite continuar a sonhar com o percorrer do caminho que BP traçou para todos os jovens que desejem aderir a este movimento. Agora… venham mais 25!!!
PS - Para fotos, é só esperar mais um dia ou dois, estão a acabar de revelar... ;)
PS2 - Sim eu sei, o texto é enorme, mas que fazer? São 25 anos... :)

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