segunda-feira, 6 de julho de 2015

Todos os anos, a história repete-se: chegado o fim do ano escutista, despedimo-nos com abraços sentidos, frutos de uma amizade única e inesquecível. No final do acampamento que fecha o ano, seja o de agrupamento, o regional ou uma qualquer caçada, aventura, empreendimento ou caminhada, o sentimento de perda apodera-se de chefes e escuteiros que, em lágrimas ou pelo menos emocionados, trocam abraços como se fosse a última vez que se encontravam.


Eu conheço muito poucos sítios que desenvolvam relações de proximidade tão grandes como o escutismo, principalmente entre adultos e crianças, que se traduzam nesta amizade que cresce, perdura e nos faz memória por anos sem fim.

Há dias, em conversa com um amigo de longos anos, no meio de um jantar que nada tinha a ver com escuteiros, surge a conversa dos escuteiros. É espantoso como ele tinha memórias tão frescas do seu tempo de escuteiro, mesmo já tendo saído do movimento há mais de 20 anos. São coisas que ficam, que nos marcam para sempre.

Foi isso que tentámos fazer mais uma vez este ano na Expedição. Dar-lhes a oportunidade de viverem a sua história de felicidade. Foi um ano cheio de trabalho e dificuldades. Não é fácil aos chefes conciliarem a sua vida familiar e profissional com a vida escutista. Também não é fácil para os exploradores conciliarem a sua vida de estudantes e os compromissos familiares com a vida escutista. Mas também, se fosse fácil, estavam cá outros, e não nós. É que aqui está quem sabe que o Impossível se ultrapassa com um chuto no IM, como dizia o nosso fundador. E por isso fizemos tudo o que fizemos: aprendemos, cantámos, servimos, ajudámos o próximo, brincámos, jogámos, rezámos, fizemos tudo o que conseguimos, e ainda nos sobraram ideias e planos que não foram possíveis. Porque aqui, no escutismo e no nosso 467, o sonho não pára e as crianças e jovens são sempre estimuladas a sonhar.



Há quem diga que esta juventude está perdida, ou que perdeu o respeito pelos mais velhos, ou que os valores os estão a abandonar. Lamento dizer-vos, mas isso são mitos. Os jovens têm respeito pelos mais velhos, ajudam os mais carenciados, ensinam os mais novos. Precisam de uma proposta concreta, entusiasmante, que os motive, e de adultos que sejam verdadeiros irmãos mais velhos. Que não se neguem à brincadeira nunca, mas que exijam silêncio e respeito quando a situação assim o exige. Se liderarem pelo exemplo, os jovens sabem responder "presente" e não desistem perante esta ou aquela dificuldade. Esta é uma geração de juventude que precisa de nós mais do que qualquer outra, pois está exposta a estímulos cada vez maiores e nocivos para o seu desenvolvimento. Perdidos no mar de informação e propostas cada vez mais desenquadradas que é a sociedade dos tempos modernos, precisam de um farol que os guie, de uma luz que os ilumine.

O escutismo, com os seus dirigentes jovens de espírito, conscientes da tarefa que têm em mãos, é uma das melhores respostas que há. Aqui, no 467, tem sido esta a nossa missão, e o facto é que são muito poucos os que desistem, e a lista de espera para entradas aumenta ano após ano, mesmo com as preocupantes baixas na natalidade que a sociedade regista e que provocam diminuição dos alunos nas escolas.


Muitas vezes não sabemos se o nosso trabalho produz frutos, ou sequer se estamos a conseguir chegar aos jovens com quem trabalhamos. No caso da nossa Expedição, isso é fácil de saber: ontem, quando cheguei à Eucaristia, os sorrisos de boas-vindas não deixaram dúvidas: somos uma família que se ama e que não sabe viver sem este convívio, sem estes abraços. Por isso é que, quando nos despedimos, ainda que por 3 meses, a angústia seja muita: vamos voltar-nos a ver, claro, mas ainda falta tanto...


1 comentário:

Ludmilla disse...

Sei bem que sentimento é esse, também já fui escuteira e a verdade é que lá fiz amizades e aprendi coisas para a vida inteira. Ainda hoje lembro de momento único que passamos todos juntos,eram momento de família. Todos tínhamos as nossas diferenças, mas o amor por aquilo unia-nos de uma forma tão especial. Infelizmente hoje não sou uma escuteira ativa, mas não por não querer, apenas por não ter oportunidade. Infelizmente o nosso agrupamento foi encerado mas ainda digo com felicidade e orgulho por ter feito parte dessa família e 1119 é um número que nunca mais vou esquecer. <3
Sempre Alerta Para Servir!
Gata Medrosa :D