quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Assistimos nos últimos dias com expetativa ao desenrolar dos acontecimentos na Síria. O país passa por dificuldades e um conflito sangrento que muitos já comparam ao Ruanda, onde milhares de habitantes foram mortos numa guerra civil que apenas serviu para mascarar uma tentativa de genocídio étnico.

Entretanto, a comunidade internacional vai tentando perceber qual a melhor forma de intervenção no terreno, e muitos apontam para a necessidade de uma intervenção militar, uma opção que poderá provocar a III Guerra Mundial e conduzir a região, e o mundo, a um caos nunca desejado. Em vista de um potencial conflito internacional, os mercados do petróleo já se começaram a agitar e a aumentar os seus preços. Dizem os "especialistas" que, apesar da Síria ser um produtor menor, está num local estratégico para a o transporte e distribuição do ouro negro. Por isso, o preço da matéria-prima, que ainda não começou a faltar, começou já a disparar nos mercados internacionais, só porque poderá, eventualmente, haver o risco de, um dia, a distribuição do petróleo poder sofrer alterações.

Ou seja, não há efetivamente nenhum problema no momento, mas os preços já dispararam, o que significa que veremos o preço dos combustíveis a aumentar em breve, apesar de nada o justificar na verdade. Havia meses que o preço havia baixado e estabilizado, ainda que a níveis muito altos. No entanto, não satisfeitos com isto, os especuladores do mercado internacional aproveitaram a dor e o sofrimento dos outros para aumentar os preços e o seu lucro próprio. Ninguém se importa com os dois milhões de pessoas que foram obrigados a abandonar as suas casas, as suas vidas, para se refugiarem num país estranho, em locais sem condições, enquanto aguardam que o conflito que não pediram nem desejaram acabe. O grande problema é que, eventualmente, a distribuição de petróleo pode acabar. E como pode acabar, deixa cá aumentar já os preços, para nos precavermos...

Só para reforçar o mais importante: só o facto de alguém dizer "olha, eventualmente poderá vir a haver, no futuro, um problema com a distribuição de algum petróleo" (até porque ele não passa todo pela Síria), faz com que todo o petróleo em todo o mundo aumente de preço. Não há problema efetivo nenhum, mas o preço já está a aumentar, criando para o consumidor o problema real de perder ainda mais poder de compra.

Este é o grande problema do mercado liberal: está, normalmente, refém de uma oligarquia que domina e controla tudo o que ali se passa. É uma das maiores falácias do mundo moderno, aliás: queremos que os Estados deixem de controlar as coisas, para que se possa entrar num mercado livre e liberal, que permite vantagens para os consumidores. Depois, há um grupo de gente gananciosa que toma conta do processo e faz o que quer, escondidos sob a capa liberal, mas fixando os preços e as condições conforme os seus interesses pessoais...

Quanto aos combustíveis, são algo que toda a gente necessita, e por isso todos reclamam, mas poucos se podem dar ao luxo de deixar de os usar. Até porque o investimento nas energias renováveis, que todos reclamam como necessário, não é levado por ninguém a sério, porque os interesses económicos do petróleo não permitem... e assim andamos, até que apareça um governante com tomates que meta esta gente toda no seu lugar.


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