segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ontem fui mais uma vez à Missa de Envio dos Leigos para o Desenvolvimento. Este ano, são mais 20 os voluntários que partem em missão para Angola, São Tomé e Moçambique. Muitos outros partem, por muitas outras organizações, mas esta é a "minha" organização, pois também eu estava, há 7 anos atrás, ali sentado naqueles bancos, nervoso, feliz, ansioso para partir, coisa que aconteceu um mês depois.

Hoje, já ancião, participo com prazer na Missa de Envio, observando como todos os anos mais voluntários se dispõem a abdicar do seu tempo para uma causa que não é deles. Bom, isto não é bem assim. Os voluntários não abdicam do seu tempo nem da sua vida, pois o que vivem lá supera muito provavelmente o que viveriam cá nesse ano. E a causa que abraçam, a do desenvolvimento, se já não é deles com o tempo de formação, rapidamente se torna deles ao chegarem ao terreno. Não estão a trabalhar para desconhecidos, estão a integrar uma causa que conhecem e pela qual querem lutar.

O que é fantástico é que continuem a haver estas pessoas, e tantas outras que iniciam a formação mas que ficam pelo caminho, pelas mais diversas razões, e prosseguem a sua missão noutros campos. Digo fantástico porque vivemos numa sociedade que rejeita estes comportamentos altruístas, que os ridiculariza e os torna aparentemente contra natura. Vivemos numa sociedade que defende o consumo rápido, o desprezo pela continuidade, pelo afeto, pelos valores, que te diz que o melhor amor é o que tens por ti próprio, que todos os outros são meros acessórios que usas a teu belo prazer, que amas hoje um e amanhã outro sem regras, limites ou barreiras...

Estas pessoas hoje são prova de que amar o próximo é possível, desejável e importante para o futuro de cada um deles. Tal como deles, importante para o futuro da nossa sociedade, pois não há futuro risonho para uma sociedade que despreza o amor, o serviço, a fé (seja em que religião for), a espiritualidade, e seria tão bom que as pessoas se apercebessem disso.

Não lhes posso desejar um ano cheio de coisas boas em missão, pois seria utópico da minha parte. Desejo-lhes muita força, muita coragem, muito espírito de sacrifício, muita energia, muito espírito aberto. As dificuldades são ser muitas, e não poucas as dúvidas irão assolar. Que a fé que os conduz lhes possa indicar o caminho mais correto, e que eles tenham a clareza de espírito para o perceber e aceitar percorrer.

Boa Missão para todos!

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