segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Apesar de ter recebido a mensagem na sexta-feira, ainda não estou em mim. Vou viajar de borla (ou quase), para um local remoto e distante no planeta, e vou ser a cara da campanha publicitária de uma agência de viagens de aventura, a G Adventures.

Tudo começou há mais de 2 meses, no início de Dezembro. Uma publicidade que vi na net sugeria que enviássemos uma foto com legenda, uma história escrita ou um vídeo sobre um momento inesquecível que tivéssemos vivido em viagem. Do báu de Moçambique as possibilidades eram tantas que o difícil era escolher. Escolhida a foto e escrita a legenda, enviei a minha candidatura e comecei uma saga de publicidade via Facebook e mail por todos os meu amigos e conhecidos. Nunca pensei que a coisa resultasse tão bem. Em poucos dias, estava no topo da classificação, a discutir taco a taco com malta de outros países. Eu, o único português em acção.

Umas semanas depois, o Vasco resolveu juntar-se à festa e passámos a ser dois tugas a concorrer para uma das 3 viagens que a G estava a atribuir. No dia 31 de Dezembro, quando já andavam todos fartos que eu os chateasse todos os dias com a história do concurso, os organizadores resolveram adiar a votação mais 8 dias, para que mais pudessem votar. Foi o desespero, porque já ninguém me podia ouvir. No entanto, em todo este tempo, a malta, vocês, nunca deixaram de votar, nunca deixaram de pedir o voto a outros amigos vossos. E o resultado foi que passei à lista dos 20 finalistas, juntamente com mais 19 tipos e tipas. Infelizmente, o Vasco não passou, tornando-me assim o único tuga em competição nesta fase final e um dos poucos europeus.

Aqui é que a coisa complicou: pediam-nos um screen test de 30 segundos a explicar porque é que nós deveríamos ser os escolhidos para encabeçar esta "revolução" nos conceitos de viagem. Sem saber muito bem o que dizer, pus-me a pensar no que seria mais diferente e os poderia convencer. Acabei por ir logo com a minha primeira ideia, que foi puxar pelo espírito português de descoberta e exploração. Gravei o vídeo (a minha mãe foi camerawoman e teleponto, e saiu-se muito bem :) ) e enviei. Agora ganhava quem eles escolhessem, mas era nossa tarefa tentar que o vídeo tivesse a maior divulgação possível. Lá voltei eu a chatear toda a gente, todos os dias. Era preciso partilhar o vídeo, e foram tantos os que ajudaram, que o vídeo atingiu as mais de 2000 partilhas só no Facebook, o que para um tuga com uma rede de amigos constituída apenas por quem ele conhece mesmo, é altamente!

Obviamente que houve malta com muito mais partilhas, alguns com mais de 10.000, que aumentavam 1000 de um dia para o outro... mas pronto, eu estava na luta com a melhor das boas vontades. O meu Facebook já me pedia códigos de autenticação cada vez q eu partilhava, tantas vezes chateei a malta...

Finalmente, chegou-se o dia 10 de Fevereiro. Eu nem estava bem consciente do dia que era, e quando me sentei à frente do computador e vi o mail, nem queria acreditar. Abri e li, reli.... e ri. Ri que nem um perdido, porque não queria acreditar. Apesar de não ter sido dos mais partilhados, o meu vídeo foi um dos escolhidos, e o espírito português dos descobrimentos voltou a ser falado como uma das coisas mais importantes na escolha do vencedor de um concurso sobre viajantes que não querem ser turistas.

Toda a luta de mais de 2 meses acabou por dar resultado, mesmo quando já havia algum desânimo e desalento, já que foi imenso tempo de votação. No entanto, cada vez que eu partilhava, lá via que mais não sei quantas pessoas tinham partilhado antes de mim. Eu sei que há quem diga que as relações virtuais são falsas e erradas, mas eu acho que são maravilhosas, e não apenas porque ganhei a viagem: foi muito curioso verificar que pessoas com quem já não tinha relação presencial fizeram questão de dizer presente e ajudar, e muito, na partilha e nos votos. Não é no Facebook que se criam amizades para a vida, é no dia-a-dia, na presença, na conversa, mas pode ser nas redes sociais que essas amizades se mantêm, apesar da distância ou as circunstâncias da vida não permitirem uma relação mais pessoal. Como sempre, tudo é bom, desde que usado com bom senso e capacidade de discernimento.

Que saga que foi esta, tenho de dizer. É comum ouvir os vencedores dizerem que não estavam nada à espera de vencer. No meu caso, obviamente que esperava vencer, senão não tinha concorrido. No entanto, sabia que a lógica podia não pender para este lado, já que eram 3 viagens para 20 pessoas. No entanto, alguém tinha de vencer, e neste caso... eu fui um dos que venci! :)

Ficam a foto, o vídeo e o link do concurso, onde agora figuram os 3 vencedores (ó pra mim todo inchado:) ). Para breve, ficam prometidas as próximas histórias desta aventura, aqui ou num sítio parecido (ando aí com umas ideias... )

Link do concurso: www.youllneverfogertit.com


Foto enviada e respectiva legenda:


On the remote villages of Mozambique, children are afraid of the \"Branco\", the white people. Whether inspired by their parents or the different skin color, the fear is real. But curiosity is stronger than fear, and friendships blossom rapidly...

Nas remotas aldeias de Moçambique, as crianças têm medo do Branco. Seja um medo inspirado pelos seus pais ou por verem pessoas de cor diferente, é um medo real. Mas a curiosidade é mais forte que o medo, e as amizades florescem rapidamente.

Link para o vídeo:



Mais uma vez, obrigado a todos. Esta é uma história que eu nunca esquecerei...

5 comentários:

Rabbit disse...

Ah ah ah ah ah muito bom!! Eu votei nesse concurso! vê lá se me trazes um iman para a colecção! Enjoy!

Um pai que não sabe o que faz disse...

A sério, foi a loucura! Nem acreditava... é a primeira vez que ganho uma coisa assim :)

Olha, com pontaria ainda vou viajar até à Austrália... ainda tomávamos um café! ;)

Maria Sanches disse...

Antes de mais nada Parabéns!! Não nos conhecemos e eu não fui uma das que ajudou à vitória. Descobri a história no FB através da minha amiga Alexandra Serôdio (de Leiria). Mas fiquei tão satisfeita que não resisti a comentar: (Quase)Sempre que um Português se empenha de alma e coração em alguma coisa, sai vencedor. Como dizes, e bem, foi asssim nos Descobrimentos, continua a ser agora. Só precisamos de um estímulo, ou, em última análise, de ter uma necessidade material objectiva. Somos competentes, imaginativos, destemidos ... Parabéns pela ideia, pela persistência e pela vitória. A divulgação destas "pequenas" histórias é, para mim, uma forma de desmontar o cenário catastrófico da crise criada pela alta finança e sustentada pelos políticos.Maria Sanches

Um pai que não sabe o que faz disse...

Maria,

Obrigado pelo comentário. Sempre aprendi que, de facto, podemos conseguir tudo se nos empenharmos para isso. E mesmo que não consigamos, fica-nos a satisfação de termos dado o nosso melhor, seja num concurso, seja em qualquer outra área.

Não significa que ignoremos os problemas, ou que os subvalorizemos, mas sim, é bom sentir que, de vez em quando, algo corre conforme o planeado.... ;)

Anónimo disse...

Parabens filho, estou muito orgulhosa mas claro, ansiosa também, pelo teu espirito aventureiro.
Deus te ajude