quarta-feira, 21 de setembro de 2011


Hoje de manhã estava a ouvir uma reportagem da RTP no Bom Dia Portugal sobre a crise na construção e voltei a indignar-me. Antes de mais, os pobres dos construtores estão tão em crise, segundo a jornalista, que até diminuíram 50 mil euros no valor das casa no Parque das Nações. Tendo em conta o balúrdio que a especulação imobiliária levou a que se cobrasse por uma casita no Parque das Nações, aposto que esse desconto não deve chegar aos 20% sequer do valor cobrado inicialmente, que “convenientemente” não foi referido pela jornalista, para aumentar o peso desta afirmação.

O sector imobiliário está, como se sabe, na raiz da crise que se vive em todo o mundo. Por todo o lado e nos últimos anos antes da crise de 2008, criou-se o mito, tomado por muitos como verdadeiro, que a construção civil era uma área de lucro fácil e garantido. Assim, assistiu-se a uma escalada dos preços exponencial, que levava a situações ridículas como ter construtores que, num prédio com 10 fogos, têm o prédio pago com 2 ou 3 apartamentos vendidos e o resto é lucro.

Com a crise, o mercado foi abaixo mas nem por isso os preços mudaram. Continua a cobrar-se muito por casas novas, demais. Para se ter uma ideia, um T3 com 120m2 que em Lisboa e arredores nunca custará menos de 180 ou 200 mil euros, em Braga e arredores secalhar compra-se por 100 mil. É certo que o preço do terreno é diferente, devido à proximidade com os centros de decisão, mas justificará tamanha diferença? Não penso que justifique, pois o custo dos materiais é o mesmo e a mão-de-obra também. O que há é uma especulação, que começa logo no preço dos terrenos, e que depois segue para o preço das casas. Quer-se ganhar muito dinheiro, e não nos apercebemos que o tempo das vacas gordas já passou.

Fala-se muito em agilizar a lei do arrendamento, e isso faz todo o sentido. Mas é preciso também que os responsáveis por estas empresas (falo aqui mais nas grandes empresas, das grandes empreitadas, nem tanto dos pequenos construtores) percebam que terão de ganhar menos dinheiro. Há dias, o JN noticiava que os lucros das empresas maiores estavam a cair, mas isso não é necessariamente mau, já que os lucros das famílias também estão, todos os dias, a diminuir. É preciso que todos compreendamos que o cinto deve ser apertado por todos, e que isso implica que as empresas tenham menor lucro. Não podemos querer manter os lucros das empresas, pois isso será conseguido apenas à força de despedimentos e aumento de preços, que vai levar a uma ainda maior diminuição do poder de compra e estagnação da economia, conduzindo-nos um pouco mais perto do precipício.

Quanto a este último ponto, o processo aplica-se a todos os que são patrões e ganham dinheiro com isso neste país: as empresas também têm de aceitar baixar os seus níveis de lucro, a fim de uma maior justiça social e distribuição mais equitativa da riqueza.

Era bom que todos percebêssemos o caminho que temos de tomar e o que temos de fazer para ajudar a levantar este país. Chega de egoísmos inúteis, é altura de olharmos para o outro ao nosso lado…

1 comentário:

Anónimo disse...

100% apoiado, assim mesmo cheguem-lhes...