terça-feira, 31 de maio de 2011

Não sei se sabem, mas as eleições são já neste domingo. É verdade, passou tão depressa o tempo, não é? Bom, há quem argumente que já esperámos tempo demais, mas são pontos de vista. É que eu, neste momento, estou.... indeciso ainda, o que penso que seja provavelmente a pior crítica que se pode fazer à campanha eleitoral, quando ela caminha tão rapidamente para o seu final.

No início de tudo, confesso que estava muito inclinado para votar PSD. Penso que é preciso uma mudança, e que José Sócrates não tem condições algumas de voltar a ser primeiro-ministro. O PS talvez tivesse, José Sócrates não. Por isso, e porque Passos Coelho aparecia como um elemento novo (Paulo Portas não é novo na política, por muito que ele argumente que sim) na cena política nacional (em termos governativos, sim, que ele também já fazia parte do sistema de alguma forma), pensei que iria votar PSD. A campanha começa com os debates televisivos, com resultados pouco decisivos, e arranca com a campanha propriamente dita, que mais uma vez me deixou algo sensaborão: todos os dias os diários de campanha debruçam-se mais sobre os diz que não disse de cada candidato, em vez de se debruçarem sobre as propostas efectivas que cada partido tem a propor. Aqui há duas hipóteses: ou os jornalistas são maus e incompetentes, todos eles, porque os candidatos falam muito das suas propostas e eles não o noticiam ou, mais provável, os políticos usam o tempo dos comícios para atacar os outros candidatos, mais do que defender e expor as suas ideias.

Paulo Portas afirmou desde sempre que iria fazer uma campanha barata, sem outdoors. Mas no outro dia surge no Facebook uma foto de um cartaz enorme com a sua cara escarrapachada. Está no seu direito usar outdoors, como usam os outros, mas não está no seu direito ser incoerente com o que diz, o que é uma pena, porque eu até estava a gostar de o ouvir no início da campanha, a falar sobre propostas em vez de sobre os adversários. Depois a coisa descambou, claro está, e não resistiu a falar como todos os outros, assumindo-se sempre como o "facto novo" nestas eleições. Ainda gostava de saber que novidade é que traz um político que está nisto há anos e que tem uma linha ideológica bem marcada e constante há anos, mas enfim...

Entretanto, começou a formar-se na minha cabeça a possibilidade do voto em branco que, no caso das legislativas, conta como voto para a contabilização final, sendo impossível ignorar este número da mesma forma que foi ignorado nas presidenciais, juntamente com o valor da abstenção. No entanto, este post da Joana Lopes fez-me pensar sobre o assunto. O voto em branco é, na sua essência, um voto político, não decisivo. Pretende demonstrar um protesto, mas não tem consequência para além disso, e portanto é curto no seu alcance.

Bom, continuando a minha busca por um voto consciente (não útil, no sentido em que PSD e CDS o andam a apregoar), deparo-me com alguém que não tem ideologia e que só pretende o melhor para as famílias e para a sociedade: o MEP, Movimento Esperança Portugal. Não é a primeira que Rui Marques se candidata, e penso que começa a ganhar forma e sentido haver um partido que não tenha ideologia definida, apesar de ter valores e princípios. Alguém que se preocupa com as famílias e com a realidade de cada um. E essencialmente alguém que venha de fora do sistema, o mais que isso seja possível. Pode dar buraco e o tipo pode ser um incompetente? Sim, pode. Pode dar buraco e ele só nos querer enganar? Sim, pode. Mas todos os outros já fazem isto, com campanhas mal conduzidas, acusações vis e pouca conversa sobre o que de verdade interessa. Por isso, há que dar oportunidade a que novas pessoas se cheguem à frente, com uma visão da política nova e, esperemos, honesta.

Temos de dar o voto de confiança em alguém, não é? Pois bem, neste caso já decidi. Custou, mas foi...

PS - Acho que a história do voto secreto é uma grande treta. Se temos a coragem de assumir quem somos, não devemos ter a coragem de assumir em quem votamos? As pessoas fazem-se assumindo posições e lutando pelo que querem, não escondendo-se atrás de um boletim de voto...

4 comentários:

CARLUXA disse...

Perna, lendo o teu raciocino até te compreendo, mas neste momento o país precisa de outro raciocino. Ora, o país necessita de estabilidade política para pôr em prática todas as acções necessárias à sobrevivência do estado e de todos nós, certo? então, precisamos de uma maioria na assembleia para que tal venha a acontecer. Já percebemos que nenhum partido a vai ter, logo, precisamos votar naqueles que podem formar uma coligação (PSD e CDS), para não falar na possibilidade de estarmos a dispersar votos, e com isto, ainda darmos a vitória ao PS e então lá vem mais do mesmo...

Carla Coelho

Um pai que não sabe o que faz disse...

Carla,

Temos andado anos a fio a ouvir a conversa do voto útil, e eu próprio já votei assim nas últimas legislativas, porque achei que era preciso dar força a uma força política. No entanto, fartei-me de ver promessas que ficam por cumprir, ou negócios que de legais têm tudo mas de legítimos e éticos têm muito pouco, da parte de todos os partidos que "rodam" no poder.

O voto útil apenas contribui para a concentração de votos em forças políticas que nada fazem para o nosso país avançar. Esta é uma realidade infeliz, mas real. E portanto, para mim, chega de voto útil e vamos ao voto consciente.

É preciso mudar o estado das coisas, e não se muda votando nos mesmos...

CARLUXA disse...

Não posso estar mais de acordo contigo. Agora, uma coisa é certa, atrás daquilo que é consciente vem as consequências que não se querem.

Um abraço.

disse...

Não concordando completamente com o teu raciocínio, concordo com a conclusão.
Espero de verdade que o Rui Marques possa ser deputado, acredito que fará mais ele do que mais um, num partido qualquer.
Já votei MEP nas ultimas legislativas e vou votar de novo.
O percurso social, profissional e de cidadania do Rui Marques e dos restantes elementos é uma certeza. Não são incompetentes e são pessoas que "não precisam" da politica ... estou certo que farão um bom trabalho e que que trazem uma postura diferente à Politica Portuguesa.