segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Hoje vinha a ouvir na Comercial que nos primeiros 7 meses do ano foram vendidas 270 mil embalagens da pílula do dia seguinte, um número que fez disparar as estatísticas dos anos anteriores. Logo a seguir, a jornalista informava que os especialistas não estavam preocupados com a situação, porque, ao que parece, a pílula é uma coisa que não faz mal nenhum à saúde, e que portanto não estavam alarmados com este aumento, nem especialistas nem responsáveis da área da saúde.

Bom, eu detesto ser desmancha-prazeres, mas a mim isto preocupa-me. Não me interessa se a pílula faz bem ou mal à mulher, pois não é isso que, quanto a mim, está em causa com estes dados. O que este aumento de venda das pílulas mostra claramente é que cada vez mais as pessoas estão a ter relações sexuais sem se preocuparem com a prevenção. Portanto, podemos fazer o sexo que queremos, com quem queremos, na altura que queremos, que depois é só tomar a pílula do dia seguinte, que até nem faz mal nenhum à saúde. Sim, fui sarcástico, mas tenho dúvidas em acreditar que seja algo completamente inofensivo ao organismo, já que só a lista de efeitos secundários e a desregulação do ciclo menstrual são razões mais que suficientes para não me fiar nessa ideia.

No entanto, volto ao ponto principal. Cada vez menos nos precisamos de preocupar com o planeamento das nossas relações sexuais. Porque depois podemos sempre eliminar qualquer gravidez inesperada que pudesse ter ocasionado ali. Não podemos eliminar as doenças que podem ser transmitidas, mas isso é pouco importante e nem interessa dizer, o que interessa é promover a promiscuidade numa sociedade cada vez mais promíscua em tudo, inclusivé no sexo. Por um lado, sensibilizamos as pessoas para o facto de se protegerem, de planearem as coisas e de procurarem "sentir" o que fazem. Por outro, publicitamos a promiscuidade e incentivamos ao sexo desenfreado, ocasional e sem sentido, em nome de um qualquer prazer fugaz e leviano que nos preenche durante instantes e pode provocar marcas que durarão toda a vida.

Anda assim a nossa sociedade...

PS - Sim, algumas destas pílulas foram compradas porque o casal reparou que o preservativo rompeu e não quer correr riscos, ou qualquer outra razão perfeitamente legítima. Mas é ingenuidade pensar que todas as vendas tiveram essas razões...

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