quarta-feira, 21 de julho de 2010

Andava há uns tempos com a preguiça da leitura. Não tinha tempo, argumentava eu. No entanto, também há um tempo que tinha na minah prateleira dois títulos que me deixavam curioso. Os últimos livros de José Rodrigues dos Santos e Dan Brown, Fúria Divina e O Símbolo Perdido, respectivamente. Sempre achei que o José Rodrigues dos Santos (JRS) tinha apanhado a onda do Dan Brown para começar a vender livros que nem um maluco, e mantenho essa opinião até pelo timing dos seus lançamentos, sempre na mesma altura (mais mês menos mês) dos livros do Dan Brown. As suas escritas têm, de facto, pontos em comum, como sejam o facto de pegarem em factos reais e conhecidos para elaborarem a partir daí a sua ficção, tornando as obras actuais e, ao mesmo tempo, oportunidades de aprendizagem de história e de relações da sociedade com a religião, a política, etc, conforme a teoria da conspiração que se apresente. Os dois autores fazem, até, questão de afirmar no início do livro que todos os factos do livro são reais, e que apenas o enredo é ficção. Mas passemos à opinião sobre cada um, sem procurar estragar o final:

O Símbolo perdido é um tratado de adrenalina à semelhança das outras obras do Dan Brown, das quais sou leitor assíduo. Apesar do número elevado de páginas, a acção dos seus romances passa-se num espaço temporal muito reduzido, o que aumenta a carga com que se lê cada capítulo, alguns apenas com duas páginas. A história deste livro prende-se com a Maçonaria e a procura pelo poder total, o conhecimento de tudo e aqueles que desejam evitar que esse conhecimento chegue às mãos do conhecimento geral. Fala-nos de fé, de religião, de ciência (noética e não só), procurando levar-nos a reflectir sobre uma série de assuntos enquanto acompanhamos a saga de Robert Langdon atrás dos segredos mais bem escondidos da Maçonaria. O livro é difícil de pousar, e dei por mim a lê-lo até no percurso que faço diariamente do comboio para o trabalho. Só parava nas passadeiras, não fosse ir alguém num carro também a ler o livro... :) Só descansei quando terminou. Muito bom mesmo.

A Fúria Divina conta a história de um terrorista da Al-Qaeda (lá está, a referência à actualidade) que possui uma bomba atómica e a quer fazer explodir. Onde? Bom, isso só lendo o livro, claro, mas posso adiantar que até o Bin Laden anda por ali. O livro está também no seguimento daquilo que têm sido os livros de JRS. A acção é mais espaçada no tempo, e as explicações teóricas preenchem a maior parte das páginas. Ficamos a conhecer em pormenor o Alcorão e as razões dos fundamentalistas islâmicos, e essa é uma perspectiva muito interessante. Mas penso que, mais uma vez, lhe falta alguma chama e mais acção, mesmo tendo em conta todas as explicações que são dadas. Não é um livro que se tenha dificuldade em parar de ler, com excepção do final e de um ou outro capítulo a meio, e tem capítulos muito grandes, cheios de conversas teológicas que versam o islão. Interessantes, mas que tornam o livro um pouco parado. Como disse, um pouco menos de explicação e mais enredo teriam enriquecido o livro, mas iriam provavelmente contra o estilo de JRS, portanto é deixá-lo andar como está, que tem muito sucesso, como indicam os números das vendas.

Resumindo e baralhando, duas obras que, apesar de se querer parecer que são iguais (o JRS poderá argmentar que não, mas a estratégia de marketing e os timings são claros), são muto diferentes. No entanto, considero que ambas de leitura obrigatória, principalmente agora nas férias, refastelados na toalha a apanhar um bronze.

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