terça-feira, 25 de maio de 2010

Eu sabia que não seria preciso esperar muito para eu ter que falar sobre a Selecção, mesmo naõ tendo abordado a convocatória fantástica do nosso seleccionador. Infelizmente, e como receava, não é pelas melhores razões.

"Jogadores fizeram o que eu queria". Esta frase, dita assim sobre o jogo de ontem, em que Portugal empatou 0 a 0 com a selecção de Cabo Verde. Sim, Cabo Verde, não foi com o Brasil, a Espanha ou Inglaterra, foi mesmo Cabo Verde, que está em 117º lugar no ranking em que nós estamos em 3º (nunca percebi estas contas, mas é o ranking oficial da FIFA), é reveladora do que vai na cabeça do seleccionador... ou então não, espero eu!

Mas a coisa melhora. Mais à frente, Queiroz diz que o jogo serviu para os jogadores menos utilizados nos seus clubes adquirirem ritmo de jogo. Bom, então vejamos: do onze inicial, apenas o Paulo Ferreira não é titular no Chelsea, e o Ricardo Carvalho vem de uma lesão. De resto, todo titularíssimos nos seus clubes, e que clubes: Braga, Porto, Benfica, Sporting, Manchester United e Real Madrid. Ok, o Deco também não estava a jogar assim muito no Chelsea, mas tinha ritmo competitivo. Logo, que lógica foi esta? Aliás, mesmo dos jogadores que entraram na segunda parte, o Tiago tem jogado no Atlético (espero que a sua lesão não seja muito grave), Hugo Almeida no Werder Bremen, Danny no Zenit, Raul Meireles no Porto, Ricardo Costa no Lille e o Miguel, també tem jogado no Valência (mesmo que menos, metê-lo a meio da segunda parte não lhe dá grande ritmo). A ideia aqui seria testar um modelo de jogo, olear a máquina, e esperava-se velocidade nas transições, organização colectiva, golos, ou, no mínimo, muita vontade de correr, que teria sido mais que suficiente para derrotar os cabo-verdianos. Em vez disso, tinhamos o pobre do Fábio Coentrão a correr que nem um desalmado para a frente e para trás (Fábio, não estás no Benfica, tens de ter mais calma, que eles não te conseguem acompanhar o ritmo) e o Nani a mostrar-se um pouco, nada mais. Isto serviu como ensaio para alguma coisa? Só se foi para as assobiadelas do público, bem justas, na minha opinião...

Carlos Queiroz assume, perante os jornalistas, uma postura de quem acha que o mal do mundo são os outros, e que todos os que falam mal estão errados e só ele é que está certo. Tudo isto pode ser muito certo, quando as equipas depois chegam a campo e jogam bem ou, mesmo não jogando com "nota artística", ganham os jogos, principalmente contra equipas como Cabo Verde. Mas quando a engrenagem falha, fica apenas a arrogância das posições, e isso não garante apoio nenhum à selecção. Sr professor, eu sei que não liga a isto, mas tenha cuidado, que os tiros no pé não costumam ter bons resultados...

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