quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Os acontecimentos dos últimos tempos no nosso país têm-me preocupado. Estamos a assistir a um avolumar de situações que nada de bom podem trazer para o nosso futuro ou para o funcionamento correcto e ideal das instituições do país.

Na justiça, anunciavam há dias que na Polónia já existiam mais de 130 condenações por casos de corrupção no país, enquanto que em Portugal existem mais de 500 acusações, mas que se saibam nenhuma condenação. Os responsáveis da justiça afirmam, orgulhosos, que não há condenações porque muitas das pessoas resolveram restituir o dinheiro que tinham desviado, roubado ou sonegado. Portanto, fica a lição útil: podemos desviar o dinheiro que quisermos sem nenhum problema. Se não formos descobertos, vida boa. Se formos descobertos olha, devolvemos o dinheiro e pronto, todos amigos outra vez, como se nada se tivesse passado. Vida boa, portanto...;

Ainda na Justiça, anunciaram há dias que apareceram mais testemunhas e novos elementos de provas no caso Casa Pia. Devem lembrar-se vagamente deste caso, não é? Já passaram 6 anos desde que as primeiras acusações foram feitas, e mesmo assim ainda há testemunhas novas para incluir no processo e, assim, conseguir adiar as sentenças mais uns meses;

No Desporto, um seleccionador encontra um comentador desportivo na sala de espera de um aeroporto e desata ao pontapé e à estalada ao comentador, que até estava ali como media officer da UEFA. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol desvaloriza o incidente e diz que a imagem da Federação não está em causa, e o secretário de Estado do Desporto consegue afirmar, passados vários dias sobre o acontecimento, que não se pronuncia porque “não sabe bem o que se passou”… em Inglaterra, por outro lado, descobriu-se que o capitão da selecção teve um caso com a “menina do Chelsea”, conhecida assim por se ter envolvido já com vários jogadores, apesar de estar casada com um do plantel (hoje já fora do plantel), e o seleccionador resolveu de imediato retirar-lhe a braçadeira de capitão, por não se ter mostrado digno de a usar. Mas aqui não , o nosso seleccionador de futebol mostra dificuldade em lidar com críticas (independentemente de o comentador em causa poder ter razão ou não), desata ao murro mas está tudo bem;

Ainda no Desporto, ficou tudo escandalizado porque umas escutas telefónicas foram postas na net. As escutas mostram um presidente de um clube e o responsável pela nomeação dos árbitros a combinarem nomeações de árbitros para jogos e as escutas não puderam servir para nada por um pormenor técnico qualquer, mas ficou tudo escandalizado foi com o facto de terem vindo parar à net, o conteúdo das conversas e o facto de não se poder condenar ninguém com aquilo por um pormenor jurídico parece, pelos vistos, pouco importante…

Na comunicação social, parece que andaram a ser feitas combinações à mesa de um restaurante. Ridículo, pensarão os realizadores das séries de televisão de espionagem mais famosos do país, pois não é assim que se preparam as conspirações. Mais uma vez, no entanto, verifico com espanto que ninguém nega que o raio do almoço alguma vez ocorreu. O Nuno Santos da SIC diz que não foi bem assim, o que significa que, em algum ponto, foi assim, apenas não em todo. Portanto, a base, que é um almoço entre políticos e responsáveis de televisões, parece que aconteceu de facto, estivesse o Nuno Santos sentado nessa mesa ou noutra. E sobre isto ninguém parece importar-se. Ah, espera, a malta importa-se, porque vai chamar 25 personalidades da comunicação social para irem dar o seu testemunho à Assembleia da República. Mais uma lavagem de roupa suja, e quando no final se espremer tudo… pouco de lá vai sair, por certo, além de acusações e difamações.

E isto apenas para citar algumas coisas de cabeça, pois poderíamos falar de défices, de orçamentos de estado, de lideranças políticas, de reformas milionárias pagas a políticos ou prémios chorudos que não são taxados pelos impostos que são entregues na bolsa. No resto da Europa todos os prémios são taxados a 20%, penso eu. Aqui, 5 ou 6 pessoas recebem 5 000 000 000 de euros (sim, é muito zero) e não pagam impostos por isso. Já eu, que recebo um bocadito menos (nem tenho direito a 3 zeros na conta, quanto mais 9) lá tenho que pagar tudo e mais alguma coisa.

E a tudo isto, parece que respondemos com brandura e quase indiferença. A Justiça não funciona, as políticas não resultam, e assim vamos caminhando para o precipício, acumulando dívidas, processos judiciais e faltas de carácter de alguns dos nossos políticos e governantes. E nós, o que poderemos fazer?

1 comentário:

Unknown disse...

o que poderemos fazer?
...simples...pedir empréstimos e rezar para que venha a Banca Rota!!!!! :)