sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Estamos a chegar ao fim de uma campanha eleitoral e pedem-me a mim, como a todos os que lêem este espaço, que votemos em quem queremos a liderar o nosso país nos próximos 4 anos. Não acredito em abstenções nem em votos nulos, mas atravesso um período de grande desânimo com a política, pelo que o desafio será escolher o mal menor entre os principais candidatos ou dar o meu voto a um projecto novo, que não sabemos muito bem para onde caminha.
Para já, o período de campanha fica marcado por tudo menos pelo essencial: a discussão sadia de propostas e a apresentação clara dos objectivos de cada um dos partidos para a governação do país. Aparentemente, é mais importante denegrir a imagem do adversário do que apresentar as nossas propostas. Asfixia democrática, salazarismo, conservadorismo, arrogância, popularismo, voto útil, verdade, tudo são termos que eu guardo na memória destas semanas de campanha. Quanto a lembrar-me de propostas que me permitam decidir sobre quem quero a governar os destinos do meu país, não tenho memória de ter ouvido quase nada durante a campanha. Ouvi falar sobre escutas, assessores de imprensa e presidente da República, e até a visita do Papa já quiseram meter no mesmo saco (se de facto a Presidência da República, acho de um péssimo gosto…), em vez de quererem discutir argumentos sobre aquilo que propõem para o país.

Sobram os debates pré-campanha e algumas intervenções nessa altura, quando ainda se achava importante discutir algumas medidas. Mesmo assim, dessa altura há poucos resquícios: o fim dos descontos na saúde e na educação em troca de educação e saúde universal e gratuita, o apoio às pequenas e médias empresas, o investimento público nas grandes obras, o apoio aos trabalhadores e o maior rigor na atribuição dos rendimentos mínimos de inserção são algumas das bandeiras de que me lembro assim de repente. Poucas acções, repetidas até à exaustão.
Depois, a comunicação social: mais interessada em alimentar polémicas que lhe dêem audiências do que em “esmiuçar” as propostas dos partidos, acabou por não conseguir informar como deve ser os seus leitores/ouvintes/telespectadores: podia ter feito uma análise clara e objectiva das propostas de todos, comparando-as e procurando ajudar a perceber quem está mais bem preparado para liderar o país. Mas não, foi preferível alimentar novelas, como as escutas ou o caso Manuela Moura Guedes.
Para quem andava indeciso e não sabia em quem votar, salvaram-se os partidos pequenos. Pouco dados a polémicas, constituídos por pessoas que não fazem parte deste mundo e não estão, como tal, tão viciados, os partidos pequenos preocuparam-se em mostrar ao país as suas propostas, tentando que votassem neles não porque gritam mais que os outros ou criticam melhor, mas porque têm propostas válidas. Há pouco tempo ouvi a entrevista feita a Rui Marques, candidato do MEP. Perguntaram-lhe se as propostas do MEP não estão muito ligadas à Igreja Católica e deram-lhe exemplos. Ele disse que sim, mas também disse que outras propostas estavam próximas do PS, outras do PSD, outras do BE, e por aí em diante. Ou seja, mais preocupado em conceber um programa que ajude o país do que em conceber um programa que se cole a uma ideologia, ficámos ali com um conjunto bem interessante de propostas para o país. Porque é que não podiam todos fazer o mesmo?

Finalizando, acho que a política em Portugal precisa claramente de uma renovação. Caras novas, sem tantos vícios, que possam marcar a diferença. Pedem-se líderes políticos que não sejam recriminados porque estão a defender uma posição agora e tinham defendido uma completamente diferente há 4 anos atrás. Pessoas coerentes, que procurem o melhor para o país, que estejam dispostos a servir o país em vez de se servirem do país. Domingo devemos marcar a nossa posição, seja ela qual for. Também para que os políticos sintam que estamos todos de olho neles, vamos às mesas de voto e vamos votar em massa.

PS: para os indecisos, sugiro www.bussolaeleitoral.pt . O site está muito interessante e permite perceber a nossa inclinação em termos de medidas propostas, não propriamente em termos de preferências por este ou aquele partido. Os resultados podem ser surpreendentes…

PS2: e os cartazes das campanhas? Era mesmo preciso recorrer a tanto cartaz??? Além de descaracterizarem a paisagem e de tornarem os locais mais feios, os custos implicados nisto poderiam ter um uso bastante mais digno e premente...

1 comentário:

Sílvia disse...

o meu resultado foi tendencialmente libertário cosmopolita de esquerda, o partio mais próximo foi o PS e dentro do círculo tenho também o MEP o MMS e o PDA (que raio é o partido democrático atlântico????)
tendo a concordar que os pequenos partidos são uma opção a podnerar seriamente.....