terça-feira, 24 de março de 2009

Árbitros e energúmenos, duas classes diferentes

Tenho visto todos os acontecimentos dos últimos dias sobre a arbitragem da final da Taça da Liga com algum espanto e muita desilusão. Espanto-me por ver que há gente tão estúpida que envia ameaças de morte a um árbitro só porque marcou um penalti que não existiu. Compreendo mais se forem pessoas que tiverem feito apostas no jogo e tenham perdido muito dinheiro, mas como duvido que sejam, não consigo acreditar...

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1370571&idCanal=1030

Desiludo-me com tudo isto porque não é assim que se resolvem os problemas no futebol. Os adeptos querem transparência? Culpem os dirigentes dos clubes, todos eles sem excepção, porque não aprovam a introdução das novas tecnologias no futebol. No ténis, uma câmara avisa o árbitro se a bola passou a linha ou não, no voleibol há uma vareta na rede que abana se a bola lá toca, no futebol americano usam-se câmaras e na NBA, num campo que tem menos de metade do tamanho do campo de futebol, estão 2 árbitros principais. Só no velho e podre futebol é que se continua a acreditar em 3 tipos amadores, trabalhadores em part-time, que decidem um jogo de milhões, jogado por 22 profissionais, trabalhadores a tempo inteiro.

Dizem os "especialistas" que as novas tecnologias não acabam com os erros dos árbitros. Concordo. Mas ajudam muito a minimizar. Ora vejamos uma hipótese virtual: Lucílio Baptista apita penalti por alegada mão de Pedro Silva. Em vez de andarem às peitadas ao árbitro e a correr de um lado para o outro a chatearem a cabeça ao auxiliar e ao árbitro, o capitão do Sporting reclama da decisão e pede para que a mesma seja revista na televisão. O 4º árbitro liga a tv e revê o lance. Indica ao árbitro que não foi penalti. É lançada bola ao ar onde a falta teria sido marcada e o jogo prossegue. Não há expulsões, não há confusões, e o Sporting até poderia ter ganho a Taça da Liga, competição que toda a gente menospreza mas que agora parece que se tornou no troféu mais importante da época.

Parece simples, não é? Na semana seguinte, em vez de discutirmos se o árbitro pediu desculpa, ou se viu ou não a peitada do Pedro Silva, ou o gesto de Paulo Bento, estaríamos a discutir o porquê de Quique Flores manter em campo um Suazo que não faz nada, no porquê de Paulo Bento utilizar Pereirinha mais encostado à linha ou a flectir para o centro. Enfim, a discutir futebol. Mas isso não interessa, pois essas discussões não vendem jornais e permitem colocar a nú as debilidades das equipas, e isso estes dirigentes nao querem.

Enquanto não mudar a mentalidade dos dirigentes, continuaremos sempre a ter este futebol marcado por polémicas. A culpa não é dos árbitros, trabalhadores em part-time que muitas vezes não têm vocação para a profissão. É de quem não os quer profissionalizar nem dar-lhe todos os instrumentos que eles precisam para fazerem um bom trabalho, perpetuando um sistema que interessa para a venda de jornais e para a desculpabilização dos erros dos clubes.

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