terça-feira, 20 de janeiro de 2009


Andei arredado destas lides de escrita no blogue durante uns dias, e não tive oportunidade de dar aqui os meus parabéns ao Cristiano Ronaldo pela vitória no troféu FIFA. Não havia, a meu ver, ninguém que pudesse contestar a justiça do prémio, e por muitos lobbies que se tivessem formado a favor de Messi, Xavi ou Casillas, a verdade é que os factos eram indesmentíveis: ninguém no ano passado foi melhor que o nosso CR7, como ele gosta de ser chamado, e por isso o prémio foi muito justo.

No entanto, a grande questão que fica depois deste prémio aos 23 anos (faz 24 no início de Fevereiro) é saber até onde poderá chegar este génio do futebol. Falo nisto no contexto da contratação falhada do Kaká pelo Manchester City. Os senhores do petróleo, que vieram para este mundo do futebol a pensar que isto é apenas um negócio e que basta apresentar a melhor oferta para tudo se concretizar, depararam-se esta semana com uma prova de que o futebol é mais paixão que dinheiro. Apesar de proporem qualquer coisa como 130 milhões de euros para o clube e uma quantia idêntica para o jogador no total dos anos de contrato, Kaká decidiu que estava melhor no Milan e ficou, ignorando um contrato ainda mais milionário que aquele que já deve ter no Milan. Mais do que dinheiro, interessa-lhe ser um jogador amado e acarinhado pelos adeptos, interessa-lhe ser capitão de um dos clubes mais carismáticos do mundo. Todo o processo de negociação da transferência foi claro e transparente, o que também é uma novidade agradável e diferente das novelas a que os vamos habituando um pouco por todo o mundo.

Tudo isto pode e deve servir de exemplo ao nosso CR7. Chegar a melhor do mundo é difícil, mas mais difícil ainda é ficarmos por lá. E isso não se consegue com novelas de verão sobre possívieis transferências, declarações explosivas ou acusações de "escravatura", que soam, no mínimo, ridículas neste contexto. O facto do Kaká surgir na votação para melhor do mundo de 2008 apesar de ter feito uma época mais discreta que a anterior é a prova disso mesmo. O amor dos adeptos, o respeito da comunicação social e dos outros intervenientes no espectáculo (leia-se treinadores e jogadores, que são quem vota para o título de Melhor do Mundo), consegue-se com trabalho, humildade e dedicação a uma causa, não mudando de camisolas todos os anos.

Espero que o nosso CR7 compreenda isto e possa tornar-se um símbolo do Manchester e da nossa selecção, como todos esperamos. E também espero que a comunicação social e os adeptos saibam respeitar e não lhe exigir mais do que ele pode dar, nem pressionar no sentido de o obrigar a mudar de ares. Aliás, a flash-interview da TVI no dia da entrega do prémio FIFA World Player foi vergonhosa: primeiro perguntaram que motivação tinha para continuar em Manchester depois de ganhar todos estes prémios, depois como ele não deu a declaração que queriam, o senhor jornalista voltou à carga com outra pergunta cuja resposta pretendida era claramente uma frase a dizer que queria mudar de clube. Chega de fazer estas pressões, não acham? Deixem lá o senhor jogar o que sabe em paz, deixem de ser abutres à volta da presa como por vezes alguns jornalistas parecem...

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