quarta-feira, 19 de novembro de 2008


Gosto muito de ir a Fátima, mas gosto pouco de confusões. Por isso, nunca fui a nenhuma grande peregrinação, e acho que só irei pelo aspecto fotográfico da coisa, para colher imagens. O meu trabalho na Família Cristã permite-me deslocar várias vezes a Fátima durante a semana, pelo que tenho a possibildiade de estar em oração e reflexão da forma que gosto: calmamente, sem multidões, sem barulho excessivo.
Na minha última ida lá fui visitar o Caminho dos Pastorinhos. Não ia lá desde o meu tempo de animador dos pioneiros, em que fizemos a descida do rio Zêzere e terminámos a actividade em Fátima, no cimo do Caminho dos Pastorinhos (actividade memorável e inesquecível, diga-se...).
Fiz todo o Caminho sozinho, acompanhado apenas pelos pássaros que por ali andavam à minha volta e pelas oliveiras que estão colocadas ao longo de toda a subida, pensando na minha vida e no meu modo de a viver, perspectivando as mudanças que preciso de fazer e procurando encontrar forças para as conseguir realizar. São estes momentos de reflexão que valorizo muito quando vou a Fátima, pois é impossível estar lá e não pensar nestes assuntos, tamanha é a espiritualidade que emana do local. Recomendo vivamente a todos uma visita lá, num momento de maior silêncio, para verem o que digo. Se só podem ir ao fim-de-semana, recomendo então que fiquem lá um dia até à noite e vão nessa altura. Está frio, sim, mas o ambiente que se cria é também muito especial...

Esta versão de Fátima, mais vazia, traz-me, no entanto, alguma apreensão também. É impressionante ver lojas e lojas de artigos religiosos e restauração completamente às moscas, dias a fio. Os empregados conversam uns com os outros à porta das lojas, enquanto esperam que um ou dois clientes entre durante todo o dia. É quase desolador o cenário que se vê nas ruas mais comerciais da cidade, em contraste com o calor e o acolhimento que sinto exactamente pelos mesmos motivos quando estou dentro do santuário. Não sei como aquela gente consegue sobreviver apenas com o comércio de fim-de-semana e das grande peregrinações. E as lojas não param de aparecer, facto que me espanta ainda mais, enquanto passo pelas ruas da cidade e as contemplo quase vazias, sem ninguém...

Duas faces de um silêncio espiritual que Fátima tem fora dos momentos das grandes peregrinações...

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