quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ponto prévio: nunca fui grande defensor de Scolari, como é possível ver se andarmos umas crónicas abaixo, e muito menos de Cristiano Ronaldo como capitão de equipa.



Posto isto, o que aconteceu ontem foi, sem dúvida, uma vergonha. Desde o jogo em si, às atitudes do capitão para com o público, às confusões com casas-de-banho e corredores sinuosos posteriores ao jogo. Não se pode admitir coisas destas de uma equipa com jogadores que são titulares nos maiores clubes dos principais países europeus. De trás para a frente, temos titulares no Benfica, Valência, Chelsea, Real Madrid, Porto, Sporting, Manchester United, Zenit S. Petersburgo e Werder Bremen. Logo, atitudes menores do que tentar cilindrar uma equipa como a Albância, cujas estrelas jogam no Hamburgo, da Alemanha, e em equipas do campeonato da Ucrânia, não são aceitáveis. Jogar com calma, organizar o jogo sem pressas, não fazer pressão no meio campo albanês são atitudes que não se compreendem.

Depois, as opções do seleccionador compreendem-se ainda menos: três (!) médios defensivos, dois centrais e dois laterais contra uma equipa que tinha um avançado e um médio que, às vezes, passava o meio-campo, parece-me...... ridículo, no mínimo. Encostar o Danny a uma linha, tendo no banco o Nani e o Quaresma roça o inacreditável. Há muito que o Danny mostrou que é bom é solto no meio-campo, caindo nas linhas quando dá jeito, em trocas com os extremos. Logo, colocá-lo em campo na linha é claramente queimar o rapaz. E depois, o ponta-de-lança: contra os suecos havia o argumento de que tinha mais caparro que o Nuno Gomes, ok, mas contra os albaneses, qual foi o argumento? Nuno Gomes é, claramente, o melhor avançado que temos para jogar numa equipa que joga muito pelo chão, em progressão, e pouco com cruzamentos para a área. Jogar com o Hugo obriga a constantes cruzamentos para a área, e o resto dos jogadores não sabe jogar assim, nem o faz nos seus clubes de origem.

Depois, a questão Cristiano Ronaldo: o homem foi, de facto, o melhor jogador do mundo este ano. Mas porque é que isso significa que tem de jogar sempre e todo o tempo? Está claramente em baixo de forma, a recuperar depois da lesão, e não sabe gerir o seu esforço nem a sua forma, pois continua a fazer como se estivesse na forma fantástica que teve no ano passado. Resultado: a fraca capacidade mental faz com que se atire constantemente para o chão e reclame com tudo e com todos, parecendo um menino mimado a quem não se pode dizer nada. E é capitão de equipa...

Mais inexplicável que tudo isto foi, no entanto, as declarações do seleccionador no final do jogo, depois de se ter «perdido» no caminho para a flash-interview: Portugal fez tudo o que podia para ganhar o jogo, e agora vai, declarou o seleccionador com voz decidida e quase heróica, «buscar os pontos necessários ao apuramento onde que quer seja preciso!», como se de facto o jogo tivesse sido uma grande injustiça.

Eu já assisti, de facto, a grandes injustiças no futebol. Na terça-feira, os sub-21 tiveram azar, pois tentaram atacar de todas as formas e a bola não entrou. Há dois anos, na Luz, o Benfica fez um dos melhores jogos dos últimos anos contra o Boavista e empatou 0-0. Mas massacrou os do Bessa, sufocou o adversário, e a bola não entrou porque os postes e o guarda-redes impediram que uma das inúmeras tentativas dessem certo. Mas aqui não: vemos o resumo do jogo, e temos um remate por cima do Manuel Fernandes, duas cabeçadas do Hugo Almeida e um falhanço claríssimo do Nani. Isto em 90 minutos, e contra uma equipa que jogou 48 minutos com 10...

Mais do que os resultados, tenho pena da mentalidade mesquinha que anda na nossa selecção: virem dizer que é bom empatar com a Suécia, quando nada fizemos para ganhar o jogo, já estranhei. Agora virem dizer que o jogo com a Albânia foi uma injustiça é atirar areia para os olhos das pessoas...

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