A minha viagem para lá foi do mais atribulado que há (voo cancelado em Lisboa, segundo voo atrasado, perdi a ligação em Madrid, tive de dormir lá e apanhar um TGV às 6 da manhã para chegar a tempo, para resumir a coisa), mas valeu a pena todo o trabalho, pois a sessão que me estava destinada, a de Talking Scouting, foi de facto muito rica e permitiu trazer para cá muita da experiência do que é feito nomeadamente no Reino Unido e na Suécia.
Um evento destes, onde se cruzam escuteiros de várias nacionalidades, é normalmente apelidado de Jamboree. Aqui, no entanto, não éramos aos milhares e apenas havia dirigentes ou caminheiros com responsabilidades a nível nacional, pelo que Jamboree pode ser um pouco exagerado. No entanto, o espírito que estava presente era exactamente o mesmo: muita amizade, muita alegria, muito respeito por todas as realidades, muitas dificuldades de comunicação também, pois o inglês está longe de ser uma língua universal (destaque aqui para os portugueses, claro, poliglotas perfeitos, que arranham qualquer língua e desenrascam traduções com uma perfeição quase imaculada… :) ).
Do que vi e ouvi, parece-me claro que, em comparação com os nossos irmãos escutas europeus, a nossa associação está em dois patamares de excelência diferentes a nível nacional e local:
- A nível nacional, temos muito que aprender e crescer com quase todas as associações, pois muitas têm já estruturas profissionais a dar apoio aos voluntários dos agrupamentos, e os nossos passos no sentido da profissionalização estão ainda a ser dados bem devagarinho, e isso revela depois as diferenças de andamento das associações;
- A nível local, pareceu-me claramente que estamos furos acima da maioria das associações. O nosso escutismo feito nos agrupamentos é muito positivo e bem próximo da realidade idealizada pelo nosso fundador, BP. A parte espiritual está muito desenvolvida e o trabalho feito mostra que o fazemos bem. Para dar exemplos, todos ficaram loucos com a música do Lobito da Jangal, ou com a realização de vídeos para a velada d’armas, ou mesmo com a realização de uma velada d’armas no dia antes das promessas, como forma de preparação para o dia seguinte e para uma nova caminhada, pois era um conceito que muitos nunca tinham sequer pensado.
Os dinamarqueses que estiveram em Portugal no início do ano para aprenderem o funcionamento do nosso Cenáculo quiseram que lhes ensinasse outra vez todos os cânticos e músicas que tinham aprendido cá, pois só se lembravam da música da Pipoca, que, aliás, cantavam de forma muito entusiasta…
São estas experiências que nos engrandecem e nos mostram que há todo um mundo aí fora para descobrir. Um mundo de diferenças, onde é possível enriquecermos a nossa vida sem perdermos os valores e princípios que nos norteiam. Vá para fora cá dentro é bom, mas às vezes precisamos de largar os nossos casulos e aproveitar as oportunidades de conhecer mundos novos, para podermos voltar e ajudar a transformar este nosso mundo…
PS - A Scout Academy teve também a parte lúdica, com várias actividades desportivas e jogos tradicionais. Destaque o Torneio de Futebol, que foi, como é claro, ganho pela equipa portuguesa, com a ajuda de um montenegrino, um holandês e um dinamarquês. Acho que eramos, aliás, a equipa mais internacional que havia... :)
Sem comentários:
Enviar um comentário