segunda-feira, 13 de outubro de 2008


Há uns dias atrás, ia no comboio e uns bancos à minha frente sentou-se uma mãe com o filho de 4, 5 anos, frente a frente, do lado da janela. Tudo estava mais ou menos tranquilo até que o miudo embirrou que queria a mãe ao seu lado para brincar melhor. A mãe disse que não ia mudar, porque estava ali bem sentada, e que podiam brincar bem assim como estavam.

Iniciou-se então a já habitual batalha emocional dos filhos com os pais. À medida que a discussão avançava, a criança falava cada vez mais alto, começando a choramingar. A mãe, visivelmente atrapalhada, tentava que ele se calasse mais do que propriamente discutir sobre a mudança de lugar. Percebendo que a tinha atingido no ponto que pretendia, a criança começa a gritar ainda mais alto, continuando a choramingar. A mãe pedia-lhe que se calasse, que ficasse quieto, mas ele, percebendo que a batalha estava mais do que ganha devido ao embaraço da mãe, que só queria que ele se calasse, insistiu. Era perceptível o crescente desespero da mãe pelo tom de voz dela. Se eu percebia, muito mais percebia o miudo, como é óbvio. Pensei claramente para mim "se mudas de sitio, já perdeste o miudo". Passados alguns momentos de tensão, a mãe...... mudou de sitio para ao lado do miudo, que imediatamente se calou e se preparou para começar a brincar com a mãe, triunfante, percebendo que tinha levado a mãe a fazer o que ele queria, bastando para isso gritar um pouquinho mais alto.

Alguns podem pensar que foi apenas uma pequena birra, e que nada de importante dali virá. No entanto, eu acredito que é nestes momentos que se faz a educação de uma criança. E aquela mãe, infelizmente, falhou naquele momento, permitindo que a criança ganhasse a batalha psicológica que ali se travou. Assim, ele já sabe que da próxima vez basta fazer o mesmo que ela volta a vergar, e assim será ao longo de todo o seu crescimento.

A educação faz-se de pequenos momentos, e desde que a criança é pequena. Não podemos esperar que uma criança se comporte bem quando vai para a escola se permitirmos que ela, enquanto mais nova, se comporte mal em casa. A educação é um processo continuado, e precisa de uma atenção constante e de um amor incondicional. Amor que muitas vezes se pode revelar num grito bem dado ou numa palmada certeira. Tudo para que no futuro nos possamos orgulhar dos nossos filhos...

1 comentário:

Anónimo disse...

Foi tudo dito. Só quero deixar uma observação. Será que, se a mãe tomasse um comportamento mais adequado para o momento, não seria imediatamente censurada pelos olhares cortantes e discriminatórios de alguns dos quantos observavam a cena? Esta não será uma batalha entre pais-filhos e sociedade? A nossa sociedade, por vezes,apresenta-nos paradigmas contraditórios. Todavia, considero que a posição dos pais deverá reger-se pela relação verdadeira e expontânea para com os filhos, abstraindo-se(nesses pequenos momentos) do resto; Os filhos devem ter a consciência que os pais não são super-heróis,nem de "plástico" e que também sentem e erram. Foi apenas uma opinião que só saberei se tem sentido daqui a uns anos, vamos ver...