terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Ministro da Economia, Manuel Pinho, veio hoje dizer que «é normal que a baixa de preço do barril de petróleo leve a uma diminuição imediata e grande do preço dos combustíveis», o que seria benéfico para todos nós, que contamos trocos e fazemos contas à vida cada vez que atestamos o nosso depósito. Logo de seguida, o presidente da Galp veio dizer que não é bem assim, que há outros factores que influenciam o preço dos combustíveis, ao que o representante das empresas distribuidoras de combustível respondeu que, em duas semanas, o preço da refinação e do dólar, os outros factores que contam, «não sofreram tantas mudanças que obriguem o preço dos combustíveis a manter-se no nível em que estão» e acompanhou o ministro da economia na exigência de uma baixa de preços acentuada.

Bom, com tanta gente a dar opinião, resolvi dar a minha também, e dediquei-me a fazer umas contas hoje enquanto atestava o carro, confirmadas depois com a ajuda do melhor amigo do Homem a seguir ao cão, o Google:

- Em Julho, quando atingiu os seus valores mais altos, o barril de Brent estava cotado a 146 dólares o barril, tendo atingido hoje mesmo os 88,99 dólares, uma descida de cerca de 40%;
- A gasolina sem chumbo 95 (perdoem-me a malta do gasóleo, mas é com esta que me abasteço) custava, em Julho de 2008, 1,52€ o litro, sendo que hoje as bombas da Galp cobram hoje por ela 1,45€, o que significa uma descida de 5%.

Estas contas, simples é certo, demonstram que enquanto o barril de Brent, que é aquele pelo qual se rege o nosso mercado, desceu 40% desde Julho, o valor da gasolina sem chumbo 95 desceu 5%. Ou os custos de refinação e o valor do dólar andaram a variar nestes 35%, ou alguém aqui anda a fazer mal as contas... (ou bem, mas apenas na direcção dos seus próprios bolsos)

Mais um pormenor que, parecendo insignificante, até pode nem o ser: as gasolineiras dos hipermercados apresentaram, durante muito tempo, uma diferença constante de menos 0,06€ por litro na gasolina 95 (pelo menos as gasolineiras onde me abasteço). Este valor era atribuido, segundo me disseram, a um imposto que nunca percebi muito bem qual era do qual as superfícies comerciais estavam isentas e que lhes permitia baixar este valor.

Hoje atestei o meu depósito na bomba do Jumbo Almada a 1,36€, enquanto que as bombas da Galp perto de mim vendiam a gasolina 95 a 1,45€. 0,09€ de diferença por litro. Será que as gasolineiras ficaram isentas de mais algum imposto, ou pura e simplesmente cumprem melhor as regras do mercado e espelham de forma mais correcta (que mesmo assim acho insuficiente, pois as diferenças na descida do barril de petróleo são muito maiores) as flutuações do mercado?

É pena que alguams pessoas ou instituições aproveitem todas as oportunidades para sacar mais algum, como se o que tivessem não fosse já muito, prejudicando o cidadão comum. E é mais pena ainda que o Governo embarque nestas estratégias. O Ministro reclama que os preços têm de descer, mas se não descerem o que vai acontecer? Mais uma análise da Autoridade da Concorrência a dizer que não há cartelização dos preços?

Se é assim tão óbvio que os preços acompanham correctamente as flutuações do mercado, sugiro que os senhores da Galp, que detêm em Portugal o monopólio da venda do combustível às outras gasolineiras, venham explicar essas suas contas a todos, para todos podermos perceber o que, pelos vistos, não percebemos muito bem...

Sem comentários: