quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Tropa de Elite - O modo como vemos a realidade...

Fui ontem ver o Tropa de Elite ao cinema. Muito na linha da Cidade de Deus (é no mesmo registo de um narrador que é ao mesmo tempo personagem e que nos vai orientando por todo o filme com esclarecimentos sobre o que estamos a ver), impressiona pela realidade do que estamos a ver. No princípio do filme, uma das frases do narrador espelha bem o que é viver nas favelas do Rio de Janeiro: «a paz depende de um equilíbrio delicado entre a munição dos bandidos e a corrupção dos policiais». É um filme muito forte, onde retratam a forma como se consegue (sobre)viver numa cidade com uma taxa de pobreza, criminalidade e droga das maiores do mundo.

O filme termina com uma imagem (não vou contar, claro) que me deixou pregado à cadeira durante alguns minutos, a olhar para o ecrã onde corria o genérico sem ter grande vontade de me levantar, de tal forma estava impressionado e esmagado pela realidade que as imagens passaram. Mais impressionado, ou desiludido, fiquei quando, umas filas abaixo de mim, duas meninas se levantam e saem a rir, como se tivessem acabado de assistir a uma comédia, ou a um fime de acção completamente ficcionado. Para elas, que secalhar nunca sairam daqui e nunca conviveram com uma realidade semelhante, tudo aquilo não deve passar de uma encenação, um enredo criado para entreter. E é isso que assusta, pois aquela realdiade deve preocupar, tanto esteja longe como perto. É nosso dever sentirmo-nos tocados por aquela realidade e lutarmos para que ela melhore lá e não se expanda para cá. A sério, impressionou-me a leviandade demonstrada por aqueles risos de gozo.

Voltando ao filme, impressiona também todas aquelas pessoas bem intencionadas que se deixam enredar no sistema da favela. Querem ajudar os mais desfavorecidos, mas depois compram «maconha» lá na favela, contribuindo para manter o «sistema» que oprime esses mesmos pobres a funcionar. Incoerência de meninos ricos e inconscientes que nos deve fazer a todos pensar sobre as nossas próprias acções e nos efeitos das mesmas... não é só para os ricos, é para todos os inconscientes... :)

A sério, um filme a ver, no cinema ou em casa, mas sem gozos, com seriedade, pois o caso não é para menos.


1 comentário:

Anónimo disse...

Eu não disse que o filme era muito bom.....se o levássemos a serio?
Daí já o ter visto tantas vezes.se o vires mais vezes ainda vais entender mais coisas....!!
Muito bom filme!