quarta-feira, 4 de julho de 2007


Hoje matei as saudades de Lichinga… não, não pulei na peneira mágica para ir lá. Foi antes um bocadinho de Lichinga, na pessoa do meu caro Dom Hilário, bispo do Niassa, que me fez regressar à terra que me recebeu durante todo o ano passado.
Ao chegar e receber o seu enorme e sentido abraço, senti um reconforto grande. É bom saber que as pessoas não nos esquecem, e fiquei muito contente quando recebi a sua chamada, combinando um encontro para este dia. Assim como a população do Niassa não me sai do pensamento e do coração, parece que também eu fiquei um pouco por lá. E não há melhor sensação no mundo que a de sentirmos que somos amados.

Durante uma hora desfiámos recordações dos tempos em que por lá lutávamos juntos por um Niassa melhor e mais desenvolvido. Falámos ainda dos desafios para o futuro, de sonhos, de ideias por concretizar e projectos por realizar.
Não me esqueço de uma tarde em que, em Lichinga, regressava do trabalho no Centro Pastoral. Fui à casa episcopal resolver um problema no computador do Dom Hilário, mas não sabia que ele estava lá. O Dom Hilário recebeu-me de braços abertos e ali, toda a tarde, conversando e rindo, partilhámos histórias do meu Portugal e do seu Niassa, que passou também a ser um pouquinho meu.

Relembro ainda o gesto de carinho que teve quando acedeu a celebrar a missa de despedida em nossa casa. Um bispo que se junta em oração com a mesma humildade na catedral, na casa LD ou ainda numa palhota, nunca deixando de sorrir de forma calorosa, é um pastor que se preocupa com as suas ovelhas. Assim como Jesus se preocupou sempre com quem andava consigo, também hoje em dia os homens de Deus o devem fazer, nunca esquecendo que servem um povo em nome de alguém que não eles próprios. O Dom Hilário é assim mesmo: recebe todos de braços abertos, fala de todos e com todos com um carinho enorme. Um grande pastor.

No final, a esperança de que o abraço que trocámos não será o último. Ainda há muito por viver, e quem sabe ainda nos voltamos a encontrar, cá ou lá…

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