quinta-feira, 26 de julho de 2007

No sábado arranco para dar uma ajuda na realização do ACANAC 2007, em Idanha-a-Nova. É a actividade mais megalómana em que já participei: 10.000 escuteiros, entre miúdos e gente dos serviços, que se propõem a estar uma semana, todos juntos, a viver e celebrar os 100 anos do escutismo. Este é um movimento como não se vê outro em Portugal ou mesmo em grande parte do mundo, principalmente porque é todo assente numa base voluntária. Todos os que se propõem organizar uma coisa desta envergadura abdicam das suas férias e do seu tempo pessoal e familiar para se dedicarem à causa abraçada por Baden-Powell há 100 anos atrás.

Um acampamento com estas dimensões e com esta envergadura encerra sempre várias questões, nomeadamente no que diz respeito à correcta aplicação do método escutista. Não é, na minha opinião, a melhor actividade para aplicar o método escutista, principalmente devido à grande massa humana e à diversidade de pontos de vista sobre o que é a correcta aplicação do método escutista. No entanto, existem vantagens que atenuam em muito esta questão: o convívio, o conheceres pessoas novas, que, sendo de outro ponto do país ou mesmo de outros países, têm o mesmo espírito que tu; os conhecimentos que podes adquirir, se quiseres procurá-los, tanto a nível técnico, como de valores humanos e morais, de pessoas bem diferentes de ti; a diversão e a vivência do espírito escutista na sua plenitude; e as actividades que, sendo bem planeadas, podem e devem cumprir os objectivos pedagógicos a que se propõem.

Veremos no final o que pesou mais: se os aspectos negativos ou positivos. Acho que uma actividade como estas é de participação quase obrigatória, devido a tudo o que envolve. Não é uma actividade onde vás fazer escutismo puro e duro, pois esse faz-se no aconchego e na intimidade do teu grupo, assim como BP fez ao chamar apenas 20 jovens para Brownsea. No entanto, foi também o próprio BP a organizar as primeiras actividades que juntaram milhares de jovens: os Jamborees.

É no equilíbrio de todas estas diferentes actividades (de secção, de agrupamento, de região e nacionais) que se escreve a vida escutista ideal. Não podemos pretender fechar os nossos elementos e impedi-los de participar em actividades destas, argumentando que são actividades em que tudo corre mal e que não servem para nada. Isso são desculpas daqueles chefes de agrupamento e de unidade que pretendem fechar os seus elementos à partilha do espírito escutista. Muitas vezes fazem-no para que os elementos não se apercebam das limitações dos seus próprios agrupamentos e não questionem os seus líderes, que assim podem fazer o escutismo que querem, sem se importarem com fazer o escutismo que é suposto fazerem.

Bom, já me ando a perder em divagações. Deixá-las-ei para outros posts, certo?

2 comentários:

Rita disse...

Não posso deixar de concordar contigo: a aprendizagem escutista e humana que se traz de um jamboree ou de uma grande actividade não pode ser descartada. É no confronto de ideias que crescemos. Quantas coisas boas implementámos nós trazidas de outros grupos, de outras experiências?

Desejo-te um bom ACANAC. Beijinhos*

Anónimo disse...

Padrinho, já estou à espera de um post sobre o Acanac... :)
Bjoka