segunda-feira, 29 de junho de 2009

Assisto com alguma preocupação ao desenrolar da história da nossa humanidade. Não porque faça questão de a mudar sozinho, mas porque me aflige a incapacidade das pessoas de olharem para além do seu próprio umbigo. Surgem-me estes pensamentos porque hoje, ao sair do comboio, passei por duas alcoviteiras que comentavam uma com a outra a decisão de uma terceira mulher, "psicóloga e tudo, vejam lá bem", não querer ter filhos. “Vejam lá bem”, dizia uma alcoviteira à outra, “se isto cabe na cabeça de alguém. Ainda por cima é psicóloga e tudo”, e não apanhei o resto pois continuei o meu caminho.

Sei que vivemos tempos conturbados. No entanto, quando na história não foram os tempos conturbados? Em todas as épocas há crises e problemas que precisam de ser resolvidos. Não sou ninguém para julgar quem decide não ter filhos, principalmente sem conhecer as razões, mas discordo de quem coloca a carreira ou a preguiça ou o gosto pelo seu próprio umbigo para justificar o facto de não querer ter filhos. Mesmo até a questão monetária pode ser errada, pois existem alguns apoios que permitem minorar os gastos com bebés para alguns casos.
A questão da natalidade é uma coisa de base. Se não nascerem crianças, o mundo como o conhecemos desaparecerá. Mais do que isso, ao decidirem não ter filhos, as pessoas hipotecam o próprio futuro financeiro e de sustentabilidade, pois todos sabemos que o dinheiro que descontamos hoje é para pagar aos reformados de hoje, não a nós. A nossa reforma será paga pelos trabalhadores do futuro. Mas que trabalhadores, se não houver crianças a nascer?
Podemos argumentar que outras pessoas têm esses filhos, e que os que decidem não ter são poucos, mas isso é uma falta de respeito ainda melhor. Que direito tenho eu de exigir que me sustentem na velhice se eu não contribui para que houvesse pessoas a poderem sustentar-me na velhice?

As taxas de natalidade em Portugal andam por volta dos 1,3 filhos, quando deveríamos ter 2,1 por casal. Para pôr isto em termos práticos, cada casal que tem apenas 1 filho vai obrigar a que os descontos do ordenado desse filho paguem duas reformas, o que é incomportável. Agora imaginem o número de pessoas que conhecem que apenas têm um filho e vejam no que dá. Se escolherem não ter filhos nenhuns, então é o descalabro total. O mundo conforme o conhecemos desaparecerá, por certo, pois as transformações numa sociedade sem fundos para suportar a velhice dos seus idosos serão catastróficas.

Mais uma vez afirmo que há casos excepcionais, claro, e não é desses que falo. Mas por norma a decisão de não ter filhos vem sempre acompanhada de razões de egoísmo e preguiça. Parece que nos esquecemos que, para existirmos, alguém teve de abdicar do seu conforto e da sua preguiça. Esta tendência da sociedade precisa de parar, para bem de todos não a curto, mas a médio e longo prazo. É preciso pensar “outside the box”, como dizem os americanos. Só assim poderemos garantir o fim da crise económica e o futuro da nossa velhice.

9 comentários:

Anónimo disse...

Bom comentário sim senhor...

Então e tu? Quantos filhos tens?

Unknown disse...

Boas, acho que a o post está bem metido e é pena muitos partilharem do egoismo de não terem filhos ou de já terem com outras pessoas e quem vem depois é que se lixa.... Para se ter filhos há que haver homem e mulher, o milagre já aconteceu há 2009 anos não agora... resta-me pensar que chegará a minha hora de poder ser mãe....

Um pai que não sabe o que faz disse...

Eu não tenho filhos, infelizmente. Não é por opção própria, é por falta de disponibildiade feminina.... :) é que grávidos só conheço o Schwarzenegger ;)

Nuno disse...

Eh Ricardo, bom post sim sr!
Eu já vou com 2...de rajada, mas perdoa-me, porque vou ficar por aqui! hehehhehe

Grande canhota e abraços para a malta toda.

Nuno (ex 372-Trafaria)

Anónimo disse...

É pois...eu queria ver tu com o teu enorme ordenado e os grandiosos abonos que o Estado dar a sustentar não uma, não duas, mas três criancinhas. Que tal fazeres antes um PPR? hum? Seria melhor ideia. E já agora, tens 30 aninhos vê lá se começas a preocupar-te em procriar!

Sílvia disse...

epá....alguns destes comentários são agressividade camuflada ou ironia mal servida?! porque é que as pessoas se ofendem com reflexões?? bem sei que a tua falta de prole aos quase 30 anos não é por falta de vontade! ahahah ;-) *

Anónimo disse...

Apoiado Sylvie
Por acaso até fazem um belo par :)

Unknown disse...

Filho até podem ser sinónimo de menos euros na conta bancaria, mas por certo são sinonimo de muita alegria na vida de uma pessoa. Poder dar continuidade a uma familia e a uma geração são pequenas sementes que plantamos para mais trade colher frutos...Não quero ser largada no lar de terceira idade à espera que chegue a minha hora, quero estar rodeada dos que me são queridos e que entendam que eu também fiz por eles. Há formas de estar na vida e para mim os meus pais e os meus avós são tudo...há valores que devem ser transmitidos. Ter filhos para os os infantarios criarem também não é solução...muita coisa se pondera. Já agora pergunto se há idade para se ter filhos?

Anónimo disse...

Bom... cheguei aos 35 anos e sem filhos... não por escolha própria pq nem tudo depende de uma só pessoa... mas sei que qualquer ser humano que pensa que vai receber algo do governo ou dos filhos na sua velhice vai ficar é na roça!