segunda-feira, 1 de junho de 2009

Costumo ir todos os anos ao Banco Alimentar dar uma ajuda na separação dos bens que chegam dos supermercados ao armazém de Palmela. Impressiona sempre ver toda aquela gente que se reúne com um só propósito: ajudar quem passa por dificuldades e não tem o que comer. Os casos aumentam todos os dias, com pessoas que perdem o emprego, estão atolhadas de dívidas ou não conseguem já sobreviver com o (fraco) salário que têm.
No entanto, é também com esperança renovada que observo que todos os anos a ajuda aumenta, em vez de diminuir. Cada vez que se faz uma campanha do Banco Alimentar, os números da campanha anterior são superados. Este ano, aconteceu algo ainda mais extraordinário: por norma, não se comparam as campanhas de Maio e Dezembro porque em Maio os hipers estão fechados domingo de tarde, o tempo está bom e convida a passeios, não a estarmos fechados em supermercados a fazer compras, e porque em Dezembro as pessoas acabaram de receber o subsídio de Natal e têm mais dinheiro para gastar. No entanto, a campanha de Maio deste ano superou os valores da campanha de Dezembro em 30 toneladas, o que é verdadeiramente notável. Foram recolhidas 1935 toneladas de alimentos, mais 18% que na campanha de Maio de 2008.
Saímos do armazém por volta das 2 da manhã, cansados e com o corpo todo dorido. No entanto, o sentido de missão estava mais do que desperto e o desejo de ajudar o próximo foi mais forte. Quanto mais as pessoas precisam, mais o povo português responde em conformidade. Uma última palavra para os pioneiros e caminheiros do 467 que me acompanharam ontem (sim, e para a Martinha também, que apesar de ter deixado o escutismo mantém o sentido de serviço intacto e também veio): foram 7 horas de trabalho intenso, com 30 minutos para jantar (os caminheiros chegaram mais tarde, honra seja feita aos pioneiros), e sempre em alta rotação. Criticamos a juventude porque não querem fazer nada, são preguiçosos e não têm valores. Aqueles ontem demonstraram exactamente o contrário. Eram paletes de leite que voavam de um lado para o outro, latas de salsicha embaladas com extrema rapidez, sacos abertos e despejados para o tapete, carrinhas descarregadas com rapidez, café, sal, sumos, azeite e óleo arrumados em cabazes que acumulavam no final do armazém. Uma linha de montagem prefeitamente oleada constituida por gente quase toda desconhecida, mas motivada por um único sentimento: o amor ao próximo.
Assim vale a pena viver esta vida...

1 comentário:

Espalharte disse...

Olá Ricardo,
I kumã? (Como estás?)
Tenho vindo aqui espreitar o teu blog que está fantástico. Por aqui está tudo óptimo, apesar das recentes notícias menos boas...
Um enorme abraço para ti e para toda a família,
Telma Marta