sábado, 25 de abril de 2009


Apesar do caso Pepe ter conhecido apenas hoje o seu desfecho (partia do princípio que o Real Madrid não ia recorrer, era o que faltava, mas pelos vistos vai mesmo recorrer...), já muita gente botou faladura sobre o assunto, e não posso deixar de escrever depois de ouvir certas coisas. Vamos lá a esclarecer isto:

- O que Pepe foi, de facto, inexplicável, como diz o Luís Sobral no MaisFutebol. Inexplicável e inaceitável, diga-se de passagem. O homem teve, por certo, uma paragem cerebral, um grave descontrolo emocional ou uma descarga de adrenalina que lhe foi impossível de conter. Seja o que for, é inaceitável que um jogador profissional de futebol, ou até um amador, ou até alguém que não jogue futebol tenha aquele tipo de atitudes. No entanto, sendo um jogador profissional, é nessa condição que tem de ser jogado, ao contrário do que diz o Sérgio Pereira também no MaisFutebol. Se o senhor fosse polícia, diriamos que teve um comportamento indigno de um polícia, logo não vejo mal nisso;

- O castigo que lhe foi aplicado, pelos vistos, e segundo o Luís Avelãs, do Record, foi o mínimo possível em todas as categorias de que foi considerado culpado. É certo que o total foram 10 jogos, mas se é o mínimo acho ridículo. As penas são cumulativas e independentes, logo dar pouco porque o total vai ser muito parece-me, no mínimo, questionável. Questionável torna-se também a questão seguinte, que é: se isto é o mínimo, o que é o máximo? Tem de morrer alguém em campo? O presidente do Comité de Competições da federação espanhola de futebol explica que foi a pena mínima porque não houve lesões dos jogadores agredidos. Sim, ok, e então, podemos ter os maiores actos de loucura dentro de campo, desrespeitar tudo e todos, colocarmos a integridade física das pessoas em causa, mas se por acaso não magoamos fica tudo bem? Se o Casquero tem levantado a cabeça quando cai, os pitons do Pepe tinham ido direitinhos lá, e sabe Deus o que podia ter acontecido. Isto não conta?

- Achei de muito mau tom o Carlos Godinho, director desportivo da Selecção, vir falar à TSF a dizer que a pena aplicada era pesada (tendo em conta que acima já vimos que tinha sido a pena mínima). Está a ser extremamente interesseiro e não mostra isenção nem ética nenhuma. Há uns tempos atrás, dois miudos, o Pereirinha e o Rui Pedro, tiveram a infeliz ideia de inventar um penalti que correu mal e foram imediatamente suspensos dos jogos seguintes. Uma medida pedagógica aplaudida por todos. Então e agora o Pepe faz o que fez e está tudo bem? A pena é pesada porque o que ele fez foi um erro e "quem tem telhados de vidro não pode atirar pedras", citando o próprio Carlos Godinho? Mas estamos todos a brincar? Que raio de responsabilidade directiva é esta? No mínimo são incoerentes, conforme os seus interesses. Sim, tudo é porque o Ricardo Carvalho está lesionado ou porque o Pepe é muito importante para jogar a trinco, uma posição para a qual nós não temos jogador nenhum em Portugal e temos de pôr um central a jogar lá...


- Posto tudo isto, é preciso também afirmar, como li nos artigos do MaisFutebol, que a vida não acaba na primeira paragem cerebral que temos. O Pepe deve ter o castigo merecido (na minha opinião, não está a ter, era a pena quase máxima e o próprio clube devia deixar de lhe pagar enquanto a sanção durasse, enviando esse dinheiro para instituições de solidariedade) e cumprir a pena com primor, devendo também, na minha opinião, ser afastado da Selecção Nacional durante esse período.

No entanto, tem também todo o direito de voltar a exercer a sua profissão e de limpar a imagem que deixou com esta paragem cerebral momentânea que teve. A vida continua, e todos temos direito a uma segunda oportunidade, depois de pagarmos pelos erros que cometemos.

Tudo na vida são aprendizagens, mas aqui a ideia que fica é que, com a aplicação da pena mínima, o crime compensa...

1 comentário:

Anónimo disse...

Por que nao:)