sexta-feira, 24 de abril de 2009

Experiência jornalística na primeira pessoa

O Público tem hoje, no suplemento de Economia, uma reportagem muito engraçada, feita na primeira pessoa por uma jornalista do jornal, que aplicou, durante um mês, todos os conselhos de poupança possíveis na sua própria vida. Assim, conseguiu retirar à sua factura mensal 257 (!) euros. Este é um valor que não deixa de impressionar, mas que para mim seria impossível de conseguir. Pelos vistos, esta jornalista (ao contrário de outros jornalistas, como eu.. :) ) é muito bem paga, porque tem gastos mensais de 1192 euros e gasta apenas um pouquinho acima das suas posses, segundo ela própria refere quando diz que teria "suprimido quase 370 euros" num ano, o que significa cerca de 30 euros/mês. Aliás, refere a própria que paga 600 euros de renda num apartamento só ela (nem vou dizer-vos o que isto significava no meu orçamento mensal, para não se assustarem). Assim, pode dar-se ao luxo de ter luxos, passe a redundância, que muitas pessoas não têm. O artigo tem coisas interessantes, sem dúvida, e é um exercício que toda as pessoas deveriam fazer. Ainda assim:
- poupou imenso dinheiro ao trocar o carro pelos transportes públicos e ainda ganha tempo de lazer e leitura. Been there, done that, não há novidade nenhuma;
- passou a levar almoço e lanche de casa, não almoçando fora. Sim, outra novidade que não é, almoçar e lanchar fora todos os dias é de facto um grande luxo...
- passou a reduzir preços por fazer compras "conscientes", como ela própria diz. Sim, também seria de esperar isso de uma pessoa com dois dedos de testa;
- deixou de levar o carro às compras no supermercado que estava a 300 (!) metros de casa. Mais uma vez, ganhou dois dedos de testa, porque levar o carro para ir às compras ao fim da rua... dá quase para vir de carrinho de compras até casa e voltar para devolver, sinceramente;
- tinha um cartão de desconto de gasolina na Repsol de 0,04€ que nunca usou (mais uma vez, duh........). Aproveito para deixar aqui a dica à jornalista e a todos: nas bombas dos hipermercados, poupamos sempre 9 ou 10 cêntimos, é bem melhor que a Repsol e o ACP, nem precisa de ficar à espera do novo cartão da ACP;
- as tácticas utilizadas para poupar energia, água e gás são, de facto, válidas e muito importantes de reforçar. A poupança económica é pouca, mas como é referido na peça temos também ganhos ambientais;
- deixa de fumar também é uma óptima resposta à crise, e à sua própria saúde também. Se fumar 1 maço de tabaco por dia, são 2,5€ (tou a ser generoso) por dia, 75€ por mês, 900€ ao final do ano que poupa para o tal SPA e viagens;
- finalmente, acho óptimo que se invista as poupanças em lazer e conforto próprio. Afinal de contas, andamos a trabalhar para quê? :)

Em resumo, um exercício interessante. No entanto, apenas terá eco na mesma proporção em pessoas que estejam um pouco distraidas das coisas, já que muita da poupança foi feita com base em atitudes que seriam normais em qualquer pessoa mas que ela, por qualquer razão, não fazia. Depois, teria sido interessante abordar outros aspectos da crise e da poupança. É que as pessoas não vivem apenas para trabalhar e se sustentar. Gostam de se divertir, ir ao cinema, sair à noite, gostam de fazer exercício físico, ir ao ginásio, e muitas outras coisas. E também aí seria interessante perceber quais são os bares que chulam menos os consumidores, ou os melhores descontos para ir ao cinema, ou os espectáculos e exposições gratuitas que há por aí mas que poucos conhecem. Talvez numa próxima oportunidade, se bem que duvido que surja outra em breve...

Aliás, agora que estou a reler o artigo, acho esta uma excelente oportunidade para eu próprio fazer um exercício desses: Maio será então um mês de contas, para que Junho seja um mês de poupança. Fiquem atentos que, como é óbvio, os resultados sairão aqui no blogue...

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