segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

(Esta crónica, devido à extensão e ao pouco tempo para escrever, será dividida em duas partes. Esta é a primeira, ao que enviarei a segunda assim que terminar de a escrever... o albúm de fotografias virá logo de seguida, claro!)

De 5 a 8 de Dezembro fui fazer uma expedição fotográfica com a Fotoadrenalina, uma empresa do Porto especializada em experiências fotográficas. O destino foram os Picos da Europa e a experiência foi, desde já, fantástica.
Para mim, ir à neve era ainda uma ciência desconhecida. Era, porque depois desta experiência fantástica com a Fotoadrenalina, uma empresa que junta a fotografia com de natureza com a caminhada por locais fantásticos, tudo ficou diferente. Agora, já olho para a neve como familiar, conhecida, quase íntima, ou não tivesse eu andado quase todo enfiado dentro dela… mas já lá vamos, que isto vai ser longo. Estão bem sentados? Ora, cá vamos.

Dia 1: a viagem e o Javali
O ponto de encontro foi às 18h00 no Porto, à porta do Museu de Serralves (bom, quase 18h30, alguém perdeu o comboio, já não me recordo bem quem foi, esta minha memória… :) ). Antes, porém, já tinha havido outro encontro, com a Alexandra e com o Orlando, em Lisboa, pois fizemos a viagem juntos para o Porto. Não conhecia ninguém do grupo com quem ia. Aliás, não conhecia sequer a Fotoadrenalina, a não ser de sites da net, pelo que tudo foi, literalmente, uma descoberta, e bem agradável, por sinal.
Chegámos então ao Porto e encontrámos o resto da trupe, dois casais de Lisboa – o Pedro e a Patrícia, a Maria João e o Eduardo –, a Ana Margarida, Guidinha para os amigos (tinha de dizer pelo menos uma vez, prometo que é só aqui, podes continuar a ler…:) ), e o Vítor, o organizador, que se veio a tornar o MEO Comandante da nave que nos guiou pelas paisagens mais fantásticas dos Picos da Europa.
A viagem arrancou com alguma timidez da parte de todos, principalmente de quem, como eu, não conhecia ninguém na viagem. No entanto, nada como um belo ensopado de Javali (e um cabrito no forno para quem não ia à bola com Javali) para desentorpecer a língua, quebrar o gelo e criar uma relação de amizade. E estava tão bom aquele ensopado, meu Deus…
Depois do ensopado, foi seguir viagem até chegarmos à aldeia de Sobrefoz, nos Picos da Europa. Eram 6h00 da manhã, pelo menos até nos lembrarmos de que Espanha é mais uma hora. Se já iamos dormir pouco, assim ainda dormimos menos...

Dia 2: Os Lagos (total caminhado: 9,5 kms)
O dia amanheceu cinzento e com chuva. Tomámos o pequeno-almoço e preparámo-nos para o primeiro dia de raid fotográfico, na zona dos Lagos. A chuva não parava, pelo que os impermeáveis, kispos e corta-ventos seguiram viagem também.
Os cerca de 50km de viagem até aos Lagos foram percorridos em contemplação da paisagem que era colocada perante nós (de vez em quando fechávamos olhos para reflectirmos sobre o que tínhamos acabado de ver, essencial para uma melhor compreensão de tudo…). Apesar das nuvens carregadas e do ar cinzento da paisagem, esta não deixava de ser imponente. A estrada percorria, sinuosa, os caminhos da serra. Tanto estávamos ao nível do rio (Sella primeiro, depois o Ponga), como subíamos de altitude e contemplávamos as ravinas que se abriam ao nosso lado.
A estrada que leva ao Lago Enol é sempre a subir, de modo que não vemos o Lago senão quando desembocamos bem perto dele, criando um efeito surpresa que aumenta a expectativa sobre o que vamos encontrar. E de facto as expectativas não saíram furadas, já que o Lago Enol apresenta uma paisagem lindíssima. Fica rodeado por montanhas de todos os lados que, cobertas com o manto branco da neve, tornam a paisagem de uma beleza marcante.

Marcante também era a chuva que se fazia sentir quando o MEO comandante nos obrigou a sair da nave para irmos fotografar. Pusemos os gorros, calçámos as luvas, fechámos os impermeáveis, e lá saímos nós, tentando virar as costas à chuva. No entanto, todas estas precauções começaram a desaparecer à medida que íamos subindo a encosta e puxávamos invariavelmente das máquinas fotográfica para registar o momento. Com ou sem chuva, era para fotografar que tínhamos vindo, e ninguém queria perder a oportunidade de registar o momento. Ao chegarmos ao topo da encosta que separava o Lago de Enol do Lago de Ercina, o insólito do dia: três tipos escorregavam encosta abaixo, sem trenós, sem sacos de plástico, apenas utilizando os corpos. Um deles ia em tronco nú… Apesar de aceitar a argumentação de que assim poderia depois vestir roupa seca quando terminasse a brincadeira, o facto de estarem quase 0ºC mostra claramente que o tipo ou não batia bem da bola ou estava com uma “cadela” de todo o tamanho… tendo em conta que eram perto das 12h00, eu inclino-me mais para a primeira opção… :)
Depois do breve passeio ao redor dos Lagos, chegou o percurso do dia. Encostámos a carrinha no início de um trilho, pusemos as mochilas com o almoço a tiracolo e começámos a desbravar a neve que se tinha acumulado no trilho.


O frio era intenso e o vento e a chuva não ajudavam em nada, mas isso não nos impediu de seguir caminho ou sequer de parar para tirar imensas fotografias. Almoçámos o arroz com bróculos que o MEO comandante tinha preparado, tirámos a tradicional foto de grupo e seguimos viagem, encantados com tudo o que estávamos a ver. Passámos por ribeiros, riachos, cascatas, lagos, veredas de mato cobertas de neve, sempre, sempre, no sentido ascendente, atravessando a montanha. A subida terminou perto de umas casas de abrigo utilizadas para pernoita por quem pretende chegar ao topo daquelas montanhas, e depois de uma animada batalha de bolas de neve, retomámos o caminho descendente, pois o sol estava a pôr-se, apesar de nós não o vermos, e a noite não tardaria.
A descida foi feita, como é costume em neve, a corta-mato, pulando e correndo encosta abaixo, aproveitando o fofo da neve para amparar as quedas que se tornaram frequentes.
A chuva acompanhou também o percurso de regresso, e só acalmou quando já estávamos na carrinha a fazer o percurso de volta. Uma ironia que acabou por funcionar a nosso favor alguns quilómetros abaixo, quando chegámos a Cangas de Oniz e ao santuário de Nossa Senhora de Covadonga, local onde, reza, a história se reiniciou a reconquista cristã da Península Ibérica aos mouros com um milagre de Nossa Senhora, que fez desabar uma parte da montanha sobre os mouros que atacavam a resistência cristã liderada por D. Pelayo, conduzindo-os à vitória.
A Catedral erigida em honra da Senhora de Covadonga é brutal. Situada no cimo de um monte, é o ponto mais alto de toda a cidade, destacando-se de todo o resto pela sua localização e pela sua imponência. Como já estava bem de noite e aproveitando o facto de a iluminação da catedral ainda estar a funcionar, as fotos ficaram o máximo.

Da Catedral é possível seguir um túnel que leva a uma capela pequenina, presumivelmente a primeira a ser construída, que fica localizada na parte lateral de um rochedo imenso. É absolutamente impressionante, pois além de estar encastrada no rochedo, tem por baixo dela uma cascata com uma queda de água de, à vontade, 20 ou 30 metros, tornando toda a cena absolutamente impressionante. São dois monumentos lindíssimos, que valem a pena a visita. Assim como vale a pena a visita a Cangas de Onís, uma simpática cidade onde têm uns queijos e uns enchidos de comer e chorar por mais, de onde se destaca o queijo Cabrales, que cheira mais mal que o meu chulé, mas que os apreciadores (do queijo, não do meu chulé) dizem ser fantástico.
Foi assim que terminámos a noite: em casa, a beber cidra, feita localmente, claro, e a comer queijo e enchidos. Ah, e lasanha do Lidl, o fornecedor oficial da Fotoadrenalina…

1 comentário:

Sílvia disse...

oh chefinho,essas contas horárias...em espanha é MAIS uma hora do que em portugal,e não menos...ou seja se chegaram às 6 da manhã,lá já eram 7.... ;-) *